«Fotografia é verdade.
Cinema é verdade vinte e quatro vezes por segundo.»
(Jean-Luc Godard)
Deixamos à apreciação dos leitores deste blogue mais três poemas, os últimos, que os alunos das três turmas do 9.º ano escreveram, inspirados nas curtas-metragens da realizadora portuguesa Regina Pessoa. Essas curtas foram visualizadas na Disciplina de Cidadania e Desenvolvimento e, novamente, na disciplina de Português, no âmbito do projeto «A sétima Arte na Escola!».
Daí nasceram poemas verdadeiramente belos e que expressam
muito bem os medos e os sonhos das três personagens principais daqueles filmes
de animação:
a
menina-pássaro
A NOITE,
de Regina Pessoa.
(1999)
Fonte da imagem: https://twitter.com/marianaliz_/status/1455452330179153920
A NOITE
Ar vinha na noite escura…
Ouviam-se as corujas a piar,
E não queriam abrandar,
Parecia noite pura.
A menina vai para a cama dormir,
Mas coitada não consegue sorrir.
A mãe não se despede dela
E nem se atreve a dar uma espreitadela.
Mas coitada não consegue sorrir.
A mãe não se despede dela
E nem se atreve a dar uma espreitadela.
A filha se assusta
E começa a ouvir barulhos.
Coitada estava em sarilhos,
Pois a noite mostrou-se injusta!
E começa a ouvir barulhos.
Coitada estava em sarilhos,
Pois a noite mostrou-se injusta!
Mal fechava os olhos,
Encobria-se com a manta.
A noite não parecia santa,
Havia monstros aos molhos.
Encobria-se com a manta.
A noite não parecia santa,
Havia monstros aos molhos.
A porta abriu
E a menina ouviu.
A mãe aparece com uma vela,
Ia com muita cautela.
E a menina ouviu.
A mãe aparece com uma vela,
Ia com muita cautela.
A mãe canta e a
menina encanta.
A jovem se tranquiliza
E chega a harmonia…
A filha adormece,
O sonho que comece!
A mãe desaparece,
Mas o medo já não favorece.
HISTÓRIA TRÁGICA COM FINAL FELIZ,
de Regina Pessoa.
(2005)
Fonte da imagem: http://osfilhosdelumiere.com/wp-content/uploads/2021/08/Histo%CC%81ria-Tra%CC%81gica-Caderno-pedago%CC%81gico.pdf
EU TENHO UM CORAÇÃO
eu tenho um coração
que bate tão rápido
como um falcão
que bate tão rápido
como um falcão
o barulho é diferente
por isso o ódio
dos meus vizinhos
é recorrente
por isso o ódio
dos meus vizinhos
é recorrente
estou sozinha
quero um dia
voar para o
meu ninho
quero um dia
voar para o
meu ninho
ao longo do tempo
eles vão-se habituando
e as asas eu vou ganhando
KALI, O PEQUENO VAMPIRO,
de Regina Pessoa.
(2012)
Fonte da imagem: https://www.filmin.pt/curta/kali-o-pequeno-vampiro
SOLIDÃO NO ESCURO
Eu sou Kali, o pequeno vampiro
E vivo na escuridão
Sou uma criança diferente
Que conhece a solidão
Eu não quero ser vampiro
Como se a noite fosse a única realidade
Mas a escuridão que transforma todos os seres
É a única maneira de viver a minha verdade
Eu queria ser como as outras crianças
E brincar com muita alegria
Mas só a lua me traz a claridade
Que eu desejo viver de dia
E brincar com muita alegria
Mas só a lua me traz a claridade
Que eu desejo viver de dia
Roubo coisas aos outros meninos
E desejo ser uma criança normal
Mas sou um vampiro não posso mudar
A minha condição habitual
Joel José, 9.º A, n.º 8.
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