domingo, 19 de junho de 2022

A SÉTIMA ARTE NA ESCOLA! - «TRILOGIA DA INFÂNCIA» DE REGINA PESSOA (II)

 «À partida, os jovens e os estudantes são pessoas abertas à novidade e que gostam de experimentar. E o cinema – muito especialmente o cinema de animação – tem essas características.»

                                                                                    (Fernando Galrito)

A NOITE,
de Regina Pessoa.
(1999)
Fonte da imagem: 

A SOMBRA MATERNA
 
Com tudo apagado,
uma sombra materna, grande e silenciosa.
Aproxima-se de mim
na escuridão apavorante.
 
Então, a minha imaginação abundante
cria deformidades constantes:
sem um abraço ou meiguice,
partiu dali como se eu não existisse.
 
Esbugalhados estão os meus lumes.
Com medos e queixumes
mostram-me inquietos
monstros em objetos.
 
E novamente uma sombra, agora protetora,
acompanhada por uma luz brilhante
e uma canção aconchegante,
trazendo um ar relaxante
numa noite escura…
 
Jéssica Ramos, 9.º C, n.º 1


HISTÓRIA TRÁGICA COM FINAL FELIZ
de Regina Pessoa.
(2005)

Fonte da imagem: 

UM BARULHO ROMPEU A CALMA NOITE

Um barulho rompeu a calma noite:
uns pensavam ser ilusão,
no entanto, era o bater do meu coração.

Julgavam eles que eu estava a alucinar.
Mas pássaro sou e quero voar
nua pelo simpático céu,
sem mesmo um chapéu.

Então, libertei-me. Pensaram que eu tinha morrido,
mas na verdade eu havia renascido
na minha forma original:
a de um pássaro normal.

Pensaram que não me iam voltar a recordar,
Mas agora não conseguem descansar.
Porque afinal o meu coração
Sempre carregou muita paixão.

 Assim acaba a minha história:
Sou um pássaro que fica na memória.

 André Sampaio, 9.º B, n.º 2


KALI, O PEQUENO VAMPIRO,
de Regina Pessoa.
(2012)

Fonte da imagem:

KALI, O PEQUENO VAMPIRO

Escuridão, uma natureza do mal, 
mas só que esta não era igual.
Odeio ter nascido diferente,
o que eu queria era ser como toda a gente.

Todos têm amigos,
todos têm com quem brincar;
este é o sonho de todos,
mas só Kali não tem com quem ficar.

A noite rouba o sol,
como a solidão me rouba a alegria.
Eu moro no paiol,
porque o meu sonho é viver de dia.

Quando me veem,
veem uma aberração,
sem qualquer coração,
só com o desejo de ir para o Além…

Não há lugar para mim!
Nem para outra criança peculiar,
porque julgar é o que está a dar,
e no final descobrimos que é assim.

 Afonso Pinto, 9.º A, n.º 1

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