O Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, continua a ser estudado no 9º ano de escolaridade. Sendo um texto dramático, o estudo desta obra será, seguramente, mais eficaz se a leitura e a exploração de texto forem reforçadas pela assistência à sua representação teatral.
É neste pressuposto que, todos os anos, a Biblioteca Escolar e o Departamento de Línguas do nosso Agrupamento de Escolas propõem para o Plano Anual de Atividades uma deslocação a Lisboa para assistência à representação desta peça pela Companhia de Teatro "O Sonho", um grupo que prima pela excelente qualidade dos espetáculos que apresenta. A propriedade dos textos, a movimentação cénica, o jogo de luzes e de sons, o guarda-roupa, a intertextualidade, associados a uma constante interação com a plateia, captam, ao longo de 75 minutos, a atenção e o envolvimento dos vários grupos escolares que preenchem a totalidade da sala.
Procurando aproveitar, ao máximo, esta deslocação a Lisboa, os alunos tiveram ainda a oportunidade de visitar a Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerónimos, orientados pelas oportunas intervenções da professora de História que, no corrente ano, associou o Departamento de Ciências Sociais e Humanas a esta visita de estudo.
Como não podia deixar de ser, os túmulos de Camões e de Vasco da Gama e todo o espaço envolvente serviram de pretexto para se recordarem alguns dos episódios de Os Lusíadas.
A gente da cidade, aquele dia
(Uns por amigos, outros por parentes,
Outros por ver somente) concorria,
Saudosos na vista e descontentes.
E nós, co a virtuosa companhia
De mil religiosos diligentes,
Em procissão solene, a Deus orando,
Pera os batéis viemos caminhando.
Canto IV, estrofe 88 ("Despedidas em Belém")