terça-feira, 7 de junho de 2022

A SÉTIMA ARTE NA ESCOLA! - «A TRILOGIA DA INFÂNCIA» DE REGINA PESSOA

 «O que torna as minhas histórias universais é o meu amor e compreensão pelas personagens.»

(Regina Pessoa) 

No terceiro período, teve continuidade o projeto de cinema «A Sétima Arte na Escola!», domínio de articulação curricular do 3.º ciclo entre as disciplinas de Línguas e a Biblioteca Escolar, desta vez, à volta de três curtas-metragens da realizadora portuguesa Regina Pessoa, às quais, no seu conjunto, chamou «Trilogia da Infância».

Convidamos-te a ler três poemas escritos por alunos do 9.º ano, após a visualização dos filmes, um poema para cada curta!

 A NOITE,
de Regina Pessoa.
(1999)


PEQUENA MENINA, PORQUE CHORAS?

O latir de um cão que a noite teme.
Uma escura cidade que por detrás das árvores se esconde.
A falta de afeto que em mim navega como um leme.
A interna mágoa que no meu coração se esconde.

E a mãe intriga-se: «Pequena menina, porque choras?»
Talvez uma criança para dormir precise de histórias!
Grito.

O olhar triste imagina para além da realidade…
Chegam os pesadelos, com monstros e ilusões,
que ninguém merece ver com tão tenra idade…

Fechar os olhos não posso,
pois o sentimento de abandono se liberta!
Porém, passo a passo,
uma harmonia doce o meu ouvido interpreta…

Mas o que será tudo isto?
Um rosto e uma voz surgem à luz de uma vela.
Aí o meu coração ficou mudo e morno.
Será carinho aquilo que se revela?

Já de coração cheio,
Sentir-me melhor creio.
Assim adormeço,
com o afeto e o amor que bem mereço.

Riana Venda, 9.º C, n.º 12


HISTÓRIA TRÁGICA COM FINAL FELIZ,
de Regina Pessoa.
(2005)


SOU APENAS EU

Sou apenas eu, aqui tão sozinha.
Sinto-me mal pelo barulho que faço,
Queria apenas dormir até de manhãzinha,
Sem incomodar ninguém, nem o seu espaço.
 
O meu diferenciado coração de pássaro
Bate como algo inexplicável…
Sinto que isto é tão raro,
Que nem é sequer comunicável…
 
Eu fujo como se não houvesse amanhã.
Só me quero esquecer de mim,
Até voltar no outro dia de manhã
Para de novo não enlouquecer!
 
Finalmente hoje vou partir
Para uma vida mais alegre e nova.
Agora já posso sorrir
E voar para a quem me chamava de louca
Poder
Servir
De
Prova.
 
Marília António, 9.º B, n.º 10.

KALI, O PEQUENO VAMPIRO,
de Regina Pessoa.
(2012)

CRIATURA DO MAL CRIATURA DO BEM

Ver as crianças brincar alegremente
deixa-me com diversas coisas em mente. 
Porque é que não posso ser como elas?
Porque é que não posso aproveitar as tardes belas?
Queria poder sentir o calor,
mas o que sinto é apenas dor.
Faria tudo para ser uma criatura normal,
mas sou, para muitos, uma criatura do mal.
 
O sol eu queria ser,
mas isso nunca vai acontecer.
Não nasci para brilhar,
mas sim para o sangue sugar.
Vejo os pequenos sorrir,
Será que um dia vou conseguir?
E se eu disso nunca for capaz,
Espero um dia encontrar a minha paz.
 
Ana Marques, 9.º A, n.º 3 

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