POEMA 24/03/2023
TARDE NO MAR
A tarde é de oiro rútilo: esbraseia
O
horizonte: um cacto purpurino.
E a vaga
esbelta que palpita e ondeia,
Com uma
frágil graça de menino,
Poisa o
manto de arminho na areia
E lá vai, e
lá segue ao seu destino!
E o sol,
nas casas brancas que incendeia.
Desenha
mãos sangrentas de assassino!
Que linda
tarde aberta sobre o mar!
Vai
deitando do céu molhos de rosas
Que Apolo
se entretém a desfolhar...
E, sobre
mim, em gestos palpitantes,
As tuas
mãos morenas, milagrosas,
São as asas
do sol, agonizantes...
Florbela Espanca (1894 – 1930).
Retirado de: https://pt.wikisource.org/wiki/Tarde_no_mar
Quadro associado ao poema:
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