POEMA 15/03/2023
A MINHA DOR
A minha Dor é um convento ideal
Cheio de claustros, sombras, arcarias,
Aonde a pedra em convulsões sombrias
Tem linhas dum requinte escultural.
Os sinos têm dobres de agonias
Ao gemer, comovidos, o seu mal ...
E todos têm sons de funeral
Ao bater horas, no correr dos dias ...
A minha Dor é um convento. Há lírios
Dum roxo macerado de martírios,
Tão belos como nunca os viu alguém!
Nesse triste convento aonde eu moro,
Noites e dias rezo e grito e choro,
E ninguém ouve... ninguém vê... ninguém...
Florbela Espanca (1894 – 1930).
Retirado de: https://www.citador.pt/poemas/a-minha-dor-florbela-de-alma-conceicao-espanca
Quadro associado ao poema:
«O Grito» (1893), Edvard Munch (1863-1944) |
Imagem retirada de: http://www.sabercultural.com/template/obrasCelebres/O-Grito-Edvard-Munch.html
Sem comentários:
Enviar um comentário