domingo, 19 de dezembro de 2021

ESCRIT@TOP.COM - CONTO III «PASSEANDO COM DEUS NA BRISA DA TARDE»

 PASSEANDO COM DEUS NA BRISA DA TARDE (1)

Fotografia: @Pedro Alves

Era uma vez um grande homem chamado Rui. Era pai de duas meninas, Inês e Cláudia, para além de ser esposo de Lúcia. Era um homem charmoso, extremamente bondoso e gentil, sempre preocupado com a felicidade dos seus próximos.

Certo dia, Rui foi levar as suas filhas à escola e, quando regressava a casa, ficou preso numa emboscada montada por um grupo de terríveis capangas. Rapidamente o abordaram, foi então usado como refém! As negociações com a polícia não correram como esperado e Rui foi a vítima. Cravaram-lhe uma espada no peito!

Quando encontraram Rui, já tinha sido esfaqueado havia cerca de trinta minutos, mas o coração ainda batia. Lentamente. Ficou em coma, com um prognóstico muito reservado. As hipóteses de sobrevivência eram inferiores a dez por cento… As suas três mulheres choravam bruscamente do lado de fora da sala, com medo de o perder…

Quando Rui estava em coma, sonhava com algo invulgar. Estava à sombra de uma bananeira, em Madagáscar. Discutia saudavelmente com Deus. Apresentava as suas razões para viver. Era o único que trabalhava para sustentar a família, dependiam dele para pôr o pão na mesa. Deus viu em Rui uma alma pura, apesar de Rui não ser crente. Concedeu-lhe, assim, a oportunidade de viver…

Um ano depois, Rui acordou com um filho varão nos braços, pois a sua mulher Lúcia já estava grávida de um mês, quando ocorreu o infeliz incidente sofrido por este pai feliz às mãos de um Destino (só aparentemente) cruel.

Pedro Alves, 9.º A, n.º 13.


(1) – Título (quase) homónimo ao da premiada obra do escritor português Mário de Carvalho (1944 - ), «Um Deus Passeando pela Brisa da Tarde» (1994).

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