O MESTRE QUE NÃO SABIA FALAR
Fotografia: @Ricardo Medronho |
Era uma
vez um rapaz tímido, humilde e jovem, amante de música, que morava numa pequena
vila. Ia à escola como todos os da sua idade e no final dos dias caminhava numa
região perto de sua casa. Passava sempre pelo mesmo caminho, pelas mesmas
árvores, até chegar ao fim do seu percurso, um riacho. Escutava o som
encantador da natureza e às vezes praticava guitarra, pois era um sítio isolado
e ninguém passava lá perto.
Certo
dia, tinha ele feito esse mesmo percurso, quando, em vez de ouvir a natureza e
praticar, ouviu uma melodia diferente, vinda do outro lado do riacho, que o
atraiu. Então, atravessou o riacho e avistou uma bela rapariga que estava
sentada numa pedra a tocar uma linda melodia. O menino pôs-se a escutar a
bonita harmonia, mas, quando deu por si, a rapariga já tinha desaparecido.
Decidiu, então, deixar um bilhete perto da pedra onde ela se sentava. Já em
casa, o rapaz tentava recriar essa mesma melodia, tocada pela rapariga, mas,
sem triunfo, começou a pensar que seria impossível reproduzi-la.
No dia
seguinte, reparou que a sua mensagem não estava lá, mas encontrou a rapariga no
mesmo sítio. Ele escutava a música dela, tentando replicar a mesma na sua
guitarra, porém não conseguia entender a complexidade da melodia. Vinda do
nada, uma pequena pedra, embrulhada num pano com uma palheta(1), foi
lançada para o lado do rapaz. Ele desembrulhou-a e, quando levantou o olhar para a frente, viu a rapariga a acenar-lhe. Perguntou-lhe o nome. No entanto,
ela limitava-se a tocar simples notas. O jovem, confuso, replicou os acordes e,
pouco a pouco, já conseguia tocar uma sequência considerada harmoniosa. A
rapariga prosseguiu e tocou outra melodia. Quando o rapaz finalizou a sinfonia,
a rapariga já se tinha ido embora.
Passado
um mês, ambos continuaram a ir ao riacho para praticarem juntos. Sem uma
palavra ser dita, apenas tocavam como se não houvesse outra forma de
comunicarem. Depois, e só depois de muita prática, o jovem rapaz conseguiu
tocar aquela encantadora melodia. A rapariga, com um sorriso no rosto, disse-lhe
o seu nome. E explicou o propósito da música. O rapaz permaneceu imóvel, a
fazer-lhe perguntas, às quais ela não respondeu, desaparecendo com a brisa do
vento.
(1) Palheta - Pequeno objeto de formato vagamente triangular, utilizado para tocar as cordas de instrumentos musicais como a guitarra.
Ricardo
Medronho, 9.º B, n.º 12.
NOTA:
1) Escrita do conto com base num título que outro colega
inventou.
2) Aperfeiçoamento do texto ao nível da forma.
3) Toma de uma «fotografia artística» que, figurativamente, melhor representasse o conto.
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