O
livro Vamos Aquecer o Sol é uma sequela de O Meu Pé de Laranja Lima. Ambos
representam a infância de José Mauro de Vasconcelos. Eu gostei bastante de ter
lido Vamos aquecer o sol. A obra foi bem escrita e conseguiu cativar-me
durante toda a minha leitura. No entanto, eu gostei mais da primeira obra, o
que, provavelmente, se deve ao facto de eu ter criado expetativas muito altas em
relação ao segundo livro, por ter gostado imenso de O Meu Pé de Laranja Lima.
A minha personagem favorita é o Zezé,
porque mesmo sendo ele já um adolescente, continua com a mesma pureza,
inocência e rebeldia da sua infância, o que me fez amar a personagem. Além
disso, a obra permite-nos criar um vínculo maior com o jovem, ao apresentar-nos
a sua infância difícil, marcada pela falta de amor e de carinho, por parte da
sua família.
De todos os capítulos, o que me chamou mais
à atenção foi o primeiro da terceira parte do livro. Nessa parte da história,
após o Zezé mudar de casa, ele decide que vai roubar o mamão da sua vizinha,
Dona Sevéruba, durante a noite. Enquanto eu lia a aventura do protagonista, eu
só conseguia pensar em qual seria a minha reação, se eu visse um rapaz de 14
anos, a entrar no meu quintal só de tanga e com uma faca na cintura, a roubar o
meu mamão e que, ainda por cima, teve a coragem de lá voltar para deixar as
cascas. Sinceramente, eu acho que ficaria muito irritado e ao mesmo tempo ia-me
desmanchar a rir.
Eu senti-me bastante encorajado enquanto
lia este livro, devido à persistência inabalável do Zezé, que me fez sentir que
nada é impossível e que nunca devemos desistir dos nossos sonhos. O Zezé, com
toda a sua rebeldia e imaginação, via-se metido em grandes sarilhos e, mesmo
assim, nunca desistia dos seus propósitos. Mal conseguia escapar de mais uma
das suas travessuras, já começava a planear outra! Era mais forte do que ele.
Exemplo disso foi quando uma noite ele decidiu entrar na mata de Manuel Machado
e, mais uma vez, teve uma das suas ideias, que não lembram a ninguém! Começou a gemer, com todas as suas forças, com
o propósito de assustar as pessoas, para que pensassem que se tratava de uma
alma penada. E mesmo sabendo dos perigos que corria, repetiu o mesmo, em muitas
outras noites, até que toda a população estava já amedrontada. O Zezé só parou depois
da Dadada, a empregada lá de casa, o ter apanhado em flagrante, e de ter
ameaçado que contaria a toda a gente que era ele a alma penada. Isso mostra que
Zezé era persistente, que apesar de viver no seu mundo imaginário e solitário,
ele tinha objetivos e lutava para conseguir alcançá-los.
Para ultrapassar a falta de amor e de
carinho por parte da sua família, o Zézé criou, na sua imaginação, personagens
que o ajudavam e confortavam nos momentos mais difíceis.
O Sapo Cururu, a quem ele chamava de
Adão, segundo a sua imaginação, vivia no seu coração e era ele quem aconselhava
Zezé, para que parasse de fazer asneiras. Ao mesmo tempo, também o encorajava a
acreditar mais em si e dizia-lhe para ser mais compreensivo e para se aproximar
do seu pai adotivo.
O Zezé era um rapaz tão criativo, que
chegou a transformar um ator famoso, que ele muito admirava, no seu pai
imaginário. Esse ator chamava-se Maurice Chevalier. Nele, o adolescente
encontrava todo o amor e o carinho de um verdadeiro pai.
Estas personagens, fruto da sua
imaginação, ajudavam o Zezé a não se sentir tão só e incompreendido, visto que
somente no colégio ele tinha um amigo, Fayolle. Este era o único que o ouvia,
sem fazer julgamentos, e que se preocupava com ele.
O Zezé era um menino com bom coração e o
facto de ele ser muito endiabrado devia-se à falta de uma família que o amasse e
se preocupasse verdadeiramente com ele. Mas, felizmente, ele conseguiu
ultrapassar tudo isso, devido à sua
imaginação.
Para mim, a principal mensagem que o
livro me transmitiu foi que, por muitos que sejam os nossos problemas, nunca
devemos deixar de sonhar. Os sonhos fazem parte da vida e mesmo que esta esteja
complicada, nunca devemos desistir de nada. Devemos, sempre, tentar encontrar
uma solução, acreditando mais nas nossas capacidades e acreditando que, se nos
esforçarmos, conseguimos alcançar os nossos objetivos.
Sim, o amor, o carinho e os sonhos
preenchem a nossa vida e são indispensáveis para sermos felizes.
André Sampaio, 9.º B.
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