quinta-feira, 17 de novembro de 2022

ESCRIT@TOP.COM - DIÁRIOS DE GUERRA II

DIÁRIO DE GUERRA

 Dia 1 - 7 de setembro de 1914 

Cheguei a Marne (Paris) para lutar pela aliança franco-britânica na batalha contra o poderoso Imperio Alemão. Foi uma batalha muito trágica.  O Exército do Império Alemão estava a atacar em força em direção à capital francesa. Fui enviado para a frente de combate e tive de passar os meus dias tentando sobreviver à guerra e a não ser enterrado vivo numa vala (trincheira). É desesperante estar encostado aos muros de argila a ouvir constantemente o som dos tiros das espingardas e dos canhões, a ver os meus companheiros a serem baleados e a morrerem à minha frente e ter ainda de conviver com ratos e parasitas.

Os dias de outono já são tristes, mas quando chove fico com uma sensação de tristeza e com pouca esperança de voltarmos a estar com os nossos familiares.  

 

Dia 2 - 27 de maio de 1916 


As saudades da família e de casa são cada vez mais fortes. Parece que esta guerra nunca mais irá terminar. Hoje, estou em Verdun, no noroeste da França, junto à fronteira do Imperio Alemão. Isto é um caos total. Chuva de tiros por todos os lados … ouvir o som das metralhadoras, das granadas e dos aviões começa a deixar-me louco. O tempo é o “adversário” mais difícil desta batalha pois o vento rebenta por cima de nós. As manhãs de nevoeiro intenso dificultam a visão. A chuva torna a areia em lama, o que deixa a movimentação mais complicada e nos torna num alvo mais fácil. É esgotante não conseguir dormir bem por causa do som dos tiros. Porém, quando o nosso serviço acaba, podemos divertir-nos um pouco lendo, escrevendo para as nossas famílias, ou até mesmo jogar às cartas. 

 

Dia 3 - 6 de agosto de 1918 


Já não recebo cartas da minha família há uns meses e, cada vez mais, começo a preocupar-me em saber se eles estão bem. A incerteza por não saber se conseguirei sair vivo desta batalha em Amiens é, a cada dia que passa, cada vez maior. Estou cansado de usar máscaras de oxigénio, mas sei que aquele gás é mortífero; então, não tenho outra escolha. O meu estado psicológico está completamente destruído, arrasado, tal como o terreno à minha volta. Já faz quatro anos que a guerra começou e ouço todos os dias tiros de canhões, metralhadoras, tanques e, se olhar para cima, só vejo fumo e o som dos aviões de guerra e os zepelins, embora estes sejam destruídos com muita facilidade. A confusão é tanta que vejo o Exército do Império Alemão a abater outros compatriotas seus em posição de combate, ao nosso lado, pensando que estão a matar-nos. Estamos a conseguir empurrar o Exército Alemão de volta ao seu país. A batalha terminou. É um alívio, pois poderei ver a minha família de novo e saber se tudo correu bem.  

                                                                                              António Duarte, 9.º A, n.º 4.

Nota: Este trabalho foi produzido para a disciplina de História, no âmbito do estudo da I Guerra Mundial.

1 comentário:

Eduardo Duarte disse...

Uau! O que mais pode um tio pedir para se sentir orgulhoso. Ao ler o teu texto, vivi contigo nas trincheiras contigo, camarada!
Um forte abraço!