segunda-feira, 14 de novembro de 2022

ESCRIT@TOP.COM - DIÁRIOS DE GUERRA I


DIÁRIO DE GUERRA

Somme, 20 de junho de 1916 

O meu nome é Jean Martin. Fui chamado pelo governo francês para combater nesta guerra sem fim. Para a mesma região veio comigo o meu amigo Luc, a quem foi dada a função de sentinela.


Tenho 30 anos, casado e tenho um filho com apenas 2 anos. Foi muito difícil para mim e para a minha família, ter que partir para a guerra. Fico com aquela sensação que podemos não nos ver mais, mas, pelo menos, sabem que me vim embora para combater na guerra, para servir o nosso país. Fomos invadidos pelos alemães e é preciso expulsá-los.

Estou aqui nas margens do rio Somme, a preparar as trincheiras, grandes valas cavadas no solo, onde nós, os soldados da infantaria, ficamos; digamos que são as nossas “casas”, o nosso abrigo do ataque inimigo. Temos colocado também metros e metros de arame farpado; as planícies deste local são agora campos minados e linhas de arame farpado.

Até agora, a mando dos engenheiros britânicos, passamos o dia a cavar túneis. No final de cada um, próximo das trincheiras e dos abrigos alemães, são colocadas minas armadas com até vinte toneladas de explosivos.

Nesta aliança com os ingleses, temos ao nosso dispor na volta de 2 500 canhões e, segundo se diz, muitas mais munições que o inimigo.

Somme, 2 de agosto de 1916

Depois de vários dias de bombardeamentos e até utilização de armas químicas, parece que o tempo aqui nas trincheiras parou. É cada vez pior. Já vi vários colegas de guerra (pessoas que já chamava de amigos) a morrerem e a perderem membros do corpo. É muito triste mesmo!

Aqui, nas trincheiras, o tempo não passa. Enquanto esperamos que o general Joseph Joffre nos mande avançar novamente, temos de ocupar o tempo de alguma forma e tentar esquecer, por momentos, o inferno que estamos a passar. Jogamos às cartas, xadrez, escrevemos e contamos histórias da nossa terra.

Muitas vezes, temos de fazer as necessidades fisiológicas dentro das próprias trincheiras. Assim, o cheiro de fezes e urina são frequentes. E ainda se junta o cheiro dos cadáveres dos soldados abatidos que ficam cheios de insetos. Viver nestas condições é horrível. Estamos expostos a muitas doenças.

Há pouco tempo, um soldado morreu com a doença do “pé da trincheira”. Esta doença atinge os pés dos soldados e é causada pela humidade e pelo frio na carne dos pés. Neste caso, o pé teve de ser amputado, ou seja, este soldado deixou de combater e, ao fim de duas semanas, morreu.

Somme, 30 de outubro de 1916

Segundo o general, já conseguimos avançar cerca de 9 km dentro do território ocupado pelos alemães. No entanto, esta batalha parece não ter fim. Não conseguimos tomar de volta as cidades de Péronne e Bapaume.

As trincheiras são agora um amontoado de lama. A chuva não tem dado tréguas. Começamos a ver ratos a sair de dentro das fardas dos cadáveres. O inferno não acaba! Sonho com a minha família e com o dia em que os irei reencontrar e isso dá-me forças para continuar, mas será que os voltarei a ver?

Continuo a ver homens a morrer. Até já se torna uma coisa normal. Estou a sentir-me doente e esquisito. Espero que não seja apanhado por estas doenças que andam aí.

Recebemos ordens para sairmos de madrugada da trincheira e avançarmos contra o inimigo.

Teremos na retaguarda os canhões prontos a atacar.

Que Deus nos ajude!!

                                                                                                 Lara Jaime, 9.º A , N.º 14.

Nota: Este trabalho foi produzido para a disciplina de História, no âmbito do estudo da I Guerra Mundial.

1 comentário:

Unknown disse...

Muito bom Lara... por momentos quase me senti naquele desgraçado ambiente... parabéns, continua feliz e tranquila... João Cristina.