sábado, 12 de março de 2022

MARÇO, MÊS DA POESIA: UM POEMA POR DIA? NÃO SABES O BEM QUE TE FARIA! «SAUDADE DADA»

 POEMA 12/31

Figura na janela, Salvador Dali (1904-1989)
Data de consulta: 21 de fevereiro de 2022.
        
    SAUDADE DADA

Em horas inda louras, lindas
Clorindas e Belindas, brandas,
Brincam no tempo das berlindas,
As vindas vendo das varandas.
De onde ouvem vir a rir as vindas
Fitam a fio as frias bandas.

Mas em torno à tarde se entorna
A atordoar o ar que arde
Que a eterna tarde já não torna!

E em tom de atoarda todo o alarde
Do adornado ardor transtorna
No ar de torpor da tarda tarde.

E há nevoentos desencantos
Dos encantos dos pensamentos
Nos santos lentos dos recantos
Dos bentos cantos dos conventos...
Prantos de intentos, lentos, tantos
Que encantam os atentos ventos.
Fernando Pessoa (1888- 1935)

Fonte: Pessoa, F. (2015). Poesias - Ortónimo (Uma Seleção). Porto: Porto Editora. 
Data de consulta: 21 de fevereiro de 2022.

Poema e pintura sugeridos por: Riana Venda, 9.º C, n.º 12.
Leitura do poema: Riana Venda.

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