quinta-feira, 30 de junho de 2022

A SÉTIMA ARTE NA ESCOLA! - «TRILOGIA DA INFÂNCIA» DE REGINA PESSOA (III)

 «Fotografia é verdade.
Cinema é verdade vinte e quatro vezes por segundo.»

(Jean-Luc Godard)

          Deixamos à apreciação dos leitores deste blogue mais três poemas, os últimos, que os alunos das três turmas do 9.º ano escreveram, inspirados nas curtas-metragens da realizadora portuguesa Regina Pessoa. Essas curtas foram visualizadas na Disciplina de Cidadania e Desenvolvimento e, novamente, na disciplina de Português, no âmbito do projeto «A sétima Arte na Escola!».

          Daí nasceram poemas verdadeiramente belos e que expressam muito bem os medos e os sonhos das três personagens principais daqueles filmes de animação:

 a criança na noite

                                            a menina-pássaro

                                                                        o vampiro com o «coração» nas mãos

A NOITE,
de Regina Pessoa.
(1999)

A NOITE

Ar vinha na noite escura…
Ouviam-se as corujas a piar,
E não queriam abrandar,
Parecia noite pura.

A menina vai para a cama dormir,
Mas coitada não consegue sorrir.
A mãe não se despede dela
E nem se atreve a dar uma espreitadela.

A filha se assusta
E começa a ouvir barulhos.
Coitada estava em sarilhos,
Pois a noite mostrou-se injusta!

Mal fechava os olhos,
Encobria-se com a manta.
A noite não parecia santa,
Havia monstros aos molhos.

A porta abriu
E a menina ouviu.
A mãe aparece com uma vela,
Ia com muita cautela.

A mãe canta e a
menina encanta.
A jovem se tranquiliza
E chega a harmonia…

A filha adormece,
O sonho que comece!
A mãe desaparece,
Mas o medo já não favorece.

 Tomás Albano, 9.º C, n.º 14.


HISTÓRIA TRÁGICA COM FINAL FELIZ
de Regina Pessoa.
(2005)

EU TENHO UM CORAÇÃO

eu tenho um coração
que bate tão rápido
como um falcão

o barulho é diferente
por isso o ódio
dos meus vizinhos
é recorrente

estou sozinha
quero um dia
voar para o
meu ninho

ao longo do tempo
eles vão-se habituando
e as asas eu vou ganhando

 David Nobre, 9.º C, n.º 7.


KALI, O PEQUENO VAMPIRO
de Regina Pessoa.
(2012)
 
SOLIDÃO NO ESCURO
 
Eu sou Kali, o pequeno vampiro
E vivo na escuridão
Sou uma criança diferente
Que conhece a solidão

Eu não quero ser vampiro
Como se a noite fosse a única realidade
Mas a escuridão que transforma todos os seres
É a única maneira de viver a minha verdade

Eu queria ser como as outras crianças
E brincar com muita alegria
Mas só a lua me traz a claridade
Que eu desejo viver de dia

Roubo coisas aos outros meninos
E desejo ser uma criança normal
Mas sou um vampiro não posso mudar
A minha condição habitual

Joel José, 9.º A, n.º 8.

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