quinta-feira, 9 de junho de 2022

ESCRIT@TOP.COM - CONTO XII «A CASA QUE ARDEU COM HEROÍSMO»

 A CASA QUE ARDEU COM HEROÍSMO

Fotografia: @Afonso Pinto

Era uma vez uma família abastada que vivia no campo, no início do século passado. Tinham cinco filhos, dos quais cuidavam com todo o seu amor e carinho. Porém, eles estavam a passar por uma grande dificuldade, tal como todas as outras pessoas, pois a vila de Monchique estava a ser vítima de uma onda de assaltos por bandidos que, além de roubarem as pessoas, as maltratavam, chegando, às vezes, ao ponto de as matar. Este grupo de malfeitores estava sempre a exigir grandes quantias de dinheiro.

Houve um dia em que um morador da nossa vila, Uriel, chegou ao seu limite. Foi, então, a correr buscar um bastão de madeira, para atacar todos os bandidos que atormentavam a sua vida e os seus familiares. Contudo, o coitado não teve sorte. O pobre morador foi morto a tiro!
No final, um dos bandidos ameaçou toda a gente:
- Ora, ora, vejam só o que aconteceu a este senhor. Armou-se em herói e morreu como um! Espero que isto sirva de lição a todos. É isto o que acontece aos heróis que põem os pés na nossa vila. Estamos entendidos?
Não tínhamos alternativa senão aceitar. Durante meses, não pararam de pedir grandes quantias, até que passaram todos os limites e pediram o impossível à nossa família.
A noite chegou e o prazo acabou.  Os bandidos entraram em nossa casa e não mais conseguiram sair. No dia seguinte, foram encontradas cinzas no lugar da casa. Os filhos conseguiram fugir, salvos pelos pais. E a paz voltou a triunfar, finalmente.
Diz a lenda que, por aqueles lados, foi visto um pequeno pássaro azul, que cantava: Uriel, Uriel…Há pessoas que acreditam, outras não.

Afonso Pinto, 9.º A, n.º 1.


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