Há muitas e
diferentes formas de avaliar o conhecimento e a compreensão de uma obra
literária estudada integralmente em sala de aula. Fazê-lo com um jogo «4 em
linha» parece, à partida, uma estratégia improvável.
Na verdade, os
alunos das duas turmas do 5.º ano ficaram confusos no início; não percebiam
muito bem como poderiam responder a questões sobre uma obra sem usar um lápis,
uma lapiseira, um tablet, um telemóvel… E mais confusos ficaram ao ver sobre as
mesas da biblioteca um conjunto de jogos «4 em linha» muito bem alinhados. Sentados
frente a frente, com um jogo no centro da mesa para cada dois alunos, começaram
a imaginar possibilidades ao receber três cartões com as letras A, B e C. Os
cartões serviam para responder às questões? Eram questões de escolha múltipla?
Com três hipóteses de resposta? Parte da estratégia estava desvendada!
Mas quem é que respondia
às questões? E para que era o jogo?
Faltava
esclarecer que os alunos responderiam às questões alternadamente, consoante o
lado da mesa em que se encontravam. A sorte ditou que primeiro respondiam os
alunos que se encontravam no lado esquerdo, e que tinham as peças amarelas; a
seguir, respondiam os do lado direito, com as peças vermelhas.
Depois de ouvir
atentamente a questão e as três hipóteses de resposta, cada aluno selecionava o
cartão com a letra correspondente à resposta adequada e, ao sinal da
professora, em simultâneo, levantavam e mostravam o seu cartão. Se a resposta
estivesse correta, colocavam uma peça no jogo «4 em linha». A questão seguinte
seria para o outro grupo e assim sucessivamente.
O objetivo era
conseguir colocar quatro peças seguidas de uma mesma cor na vertical, na
horizontal ou na diagonal.
A tarefa não foi fácil, pois a maioria dos alunos acertou quase todas as respostas e a possibilidade de colocar 4 peças em linha ia sendo contrariada pelo «adversário». Não obstante, houve um reduzido número de alunos que atingiu o objetivo e ganhou o jogo, graças a uma desatenção ou outra do «adversário».
Mas, na verdade, todos ganhámos, incluindo os professores. Percebemos todos, alunos e professores, que havia um bom conhecimento da obra A Viúva e o Papagaio, de Virginia Woolf, e reconhecemos o excecional desempenho dos alunos ao nível das atitudes: saber ouvir, saber respeitar o outro, saber gerir a frustração, saber ganhar e perder.
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