O meu nome é Jean Martin.
Fui chamado pelo governo francês para combater nesta guerra sem fim. Para a
mesma região veio comigo o meu amigo Luc, a quem foi dada a função de sentinela.
Estou aqui nas margens do
rio Somme, a preparar as trincheiras, grandes valas cavadas no solo, onde nós,
os soldados da infantaria, ficamos; digamos que são as nossas “casas”, o nosso abrigo
do ataque inimigo. Temos colocado também metros e metros de arame farpado; as planícies
deste local são agora campos minados e linhas de arame farpado.
Até agora, a mando dos
engenheiros britânicos, passamos o dia a cavar
túneis. No final
de cada um, próximo das trincheiras e dos abrigos alemães, são colocadas minas
armadas com até vinte toneladas de explosivos.
Nesta aliança com os
ingleses, temos ao nosso dispor na volta de 2 500 canhões e, segundo se diz,
muitas mais munições que o inimigo.
Somme, 2 de agosto de 1916
Depois de vários dias de bombardeamentos e até utilização de armas químicas, parece que o tempo aqui nas trincheiras parou. É cada vez pior. Já vi vários colegas de guerra (pessoas que já chamava de amigos) a morrerem e a perderem membros do corpo. É muito triste mesmo!
Aqui, nas trincheiras, o
tempo não passa. Enquanto esperamos que o general Joseph Joffre nos mande avançar
novamente, temos de ocupar o tempo
de alguma forma e tentar esquecer, por momentos, o inferno que estamos a
passar. Jogamos às cartas, xadrez, escrevemos e contamos histórias da nossa
terra.
Muitas vezes, temos de fazer
as necessidades fisiológicas dentro das próprias trincheiras. Assim, o cheiro
de fezes e urina são frequentes. E ainda se junta o cheiro dos cadáveres dos soldados
abatidos que ficam cheios de insetos. Viver nestas condições é horrível.
Estamos expostos a muitas doenças.
Há pouco tempo, um soldado
morreu com a doença do “pé da trincheira”. Esta doença atinge os pés dos
soldados e é causada pela humidade e pelo frio na carne dos pés. Neste caso, o
pé teve de ser amputado, ou seja, este soldado deixou de combater e, ao fim de
duas semanas, morreu.
Somme, 30 de outubro de 1916
Segundo o general, já conseguimos avançar cerca de 9 km dentro do território ocupado pelos alemães. No entanto, esta batalha parece não ter fim. Não conseguimos tomar de volta as cidades de Péronne e Bapaume.
As trincheiras são agora um
amontoado de lama. A chuva não tem dado tréguas. Começamos a ver ratos a sair de
dentro das fardas dos cadáveres. O inferno não acaba! Sonho com a minha família
e com o dia em que os irei reencontrar e isso dá-me forças para continuar, mas
será que os voltarei a ver?
Continuo a ver homens a
morrer. Até já se torna uma coisa normal. Estou a sentir-me doente e esquisito.
Espero que não seja apanhado por estas doenças que andam aí.
Recebemos ordens para
sairmos de madrugada da trincheira e avançarmos contra o inimigo.
Teremos na retaguarda os
canhões prontos a atacar.
Que Deus nos ajude!!
Lara Jaime, 9.º A ,
N.º 14.
Nota: Este trabalho foi produzido para a disciplina de História, no âmbito do estudo da I Guerra Mundial.
1 comentário:
Muito bom Lara... por momentos quase me senti naquele desgraçado ambiente... parabéns, continua feliz e tranquila... João Cristina.
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