DIÁRIO DE GUERRA
Dia 8 de maio de 1916
Hoje encontro-me no abrigo
do comando a dar apoio aos feridos no ataque da artilharia inimiga. As
condições são terríveis. Faltam alimentos, há muita humidade e frio, as
ratazanas andam por todo o lado e temos uma grande praga de piolhos. Lá em
cima, continuam os ataques fulminantes com metralhadoras, tanques e gases tóxicos.
Apesar do nosso esforço, devido aos poucos recursos, os feridos não estão a
resistir. Temos muitos mortos, mas, com os constantes ataques, não estamos a
conseguir retirá-los do abrigo, o que torna o cheiro insuportável.
Dia
10 de maio de 1916
Hoje as condições não
melhoraram. Pelo contrário, continuam a agravar-se. No entanto, devido à diminuição
de ataques no dia de ontem, conseguiram ser retirados alguns cadáveres e recebemos
alguns alimentos e medicamentos para o tratamento dos soldados feridos. Estou muito
cansada, mas não posso parar porque todos somos poucos.
Dia
14 de setembro de 1916
Os nossos soldados não estão
bem preparados para enfrentar o inimigo. Por isso, o número de feridos é
enorme. Ouvi uma conversa entre os soldados que diziam que estão a pensar enviá-los
para França para receberem formação nas novas técnicas da guerra, como assaltos
a partir das trincheiras, captura de prisioneiros, ataques de artilharia, gases
de combate.
Hoje, e cada vez mais, sinto
uma enorme saudade da minha casa e da minha família. Sinto falta de um banho
quente, de uma comida quente, de dormir descansada numa cama limpa e
confortável. Não sei por quanto mais tempo conseguirei suportar esta situação.
Há vinte dias que não vejo a luz do sol. Sinto que estou a ficar doida.
Maria Nunes, 9.º B, n.º 17.
Nota: Este trabalho foi produzido para a disciplina de História, no âmbito do estudo da I Guerra Mundial.
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