A MILENA E A SÓNIA
Certo dia, uma família estava na sua casa quando um dos
vizinhos bate à porta:
- Meus queridos vizinhos, tenho aqui uma bela porquinha para
a Milena.
- Muito obrigada – agradeceu a família. - Mas o que é que
vamos fazer com esta coisa?! – exclamou a avó com ar de nojo.
Como receberam a porquinha, tinham de ter algumas condições.
A Milena, muito entusiasmada, gritou:
- Já sei o nome dela! Sónia! O nome da minha tia favorita e também
tem os olhos iguais a ela. Adorei esta porquinha!
- Mãe, ela está cheia de frio e com muita fome – disse a Milena
muito alto.
A mãe foi logo de imediato
buscar um biberão de leite e uma manta aconchegante. Nessa altura, ainda não
tinham experiência em cuidar de um animal; por isso, tinham de se habituar a
cuidar dele.
Bem longe da cidade onde viviam, havia uma guerra muito
grande e o seu tio teve de ajudar a combater. Dias depois, estavam todos muito
infelizes, porque ficaram a saber que o tio tinha acabado por morrer.
Como a guerra se estava a aproximar, decidiram recolher
alguns alimentos para sobreviver. A Sónia foi crescendo...
Quando a guerra chegou à cidade onde viviam, tiveram de se
esconder na floresta e de comer as últimas batatas do quintal. Levaram dias e
dias… até que o pai prometeu que, se nessa noite não houvesse bombas, iriam
voltar para casa.
Então, assim o fizeram. Quando voltaram para casa, esconderam-se na cave
por muito tempo. Como só tinham batatas, era isso que comiam a todas as
refeições. Quando estavam a conversar em família, o pai reparou que a Sónia
(porquinha) estava a comer as batatas que sobraram. O pai ficou muito zangado e
gritou:
-
Sónia, ai, ai! Isso não se faz!
O pai nem quis acreditar naquilo que a Sónia estava a fazer e ficou
muito triste. Então, o pai agarrou na pá e bateu-lhe no rabo.
A Sónia desceu as escadas e tentou fugir pela
porta do gato, mas acabou por ficar entalada e o pai deu-lhe um pontapé. Depois,
tudo passou. E o pai ficou mais calmo com a Sónia.
Nesse mesmo instante, um amolador (amigo do
pai) bateu à porta:
- Meu querido amigo, podes dar-me alguma comida para eu me alimentar,
por favor?
- Claro que posso, entra - responder o pai.
Quando o amolador entrou e viu a Sónia exclamou:
- Que bela porquinha! Dava uma belíssima carne para muito tempo. Aqui
dava umas salchichas, uns presuntinhos, uns bifes, umas costelas e umas belas almôndegas.
A mãe pediu à Milena para ir lá para fora
brincar e disse-lhe que, se quisesse, podia ir para a casa da tia Sónia.
Um pouco desconfiada, a Milena foi ter com a
sua tia. Quando voltou para casa, como não viu a Sónia, perguntou onde ela
estava. O pai disse que não sabia e que teria de ir perguntar à mãe. Milena sentou-se
no colo da mãe que lhe contou tudo. Ela explicou-lhe que a Sónia teve de
morrer, porque precisavam de comida para sobreviver.
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