domingo, 23 de janeiro de 2022

ESCRIT@TOP.COM - CONTO VI «DIÁLOGO DO VENTO E DO MAR»

 DIÁLOGO DO VENTO E DO MAR

Fotografia: @Manuel Rosa

Estávamos em 2020, na praia de Benagil, onde o tempo está constantemente a mudar, tanto o vento como no mar.

O temporal na praia era estranho, pois umas vezes acalmava, outras era catastrófico, parecia que o mundo ia acabar. As pessoas pensavam inclusivamente que o vento e o mar falavam entre si, para algumas vezes estarem assim, bem, e outras mal.
O problema era que nos momentos em que o vento e o mar discutiam (calculou-se que de hora em hora!), o temporal mudava, acentuando-se, e eles não viam o que se encontrava à sua volta. Ora, às 11:11 daquele dia, o que estava em volta deles eram barcos de uma empresa de passeios turísticos, com pessoas que corriam o sério risco de se magoarem caso o temporal piorasse, o que efetivamente aconteceu instantes depois. Um turista decidiu colocar um caiaque na água e levou com uma onda gigante em cima, que o atirou violentamente para as areias da praia. Além disso, também levou com o caiaque nas costas! Parecia que tinha morrido, pois permaneceu no chão sem nada conseguir dizer.
Apenas algum tempo depois, chamaram o INEM e fecharam a empresa ao sexto dia.
Dias e dias foram passando e o temporal continuava apocalíptico, com ondas que ultrapassavam os dois metros e ventos que levantavam carros. E não dava sinais de querer abrandar.
Mas diz o povo que «a quem sabe esperar o tempo abre portas» e foi isso mesmo que aconteceu. Ao fim de algumas semanas, o temporal deixou de alternar, de hora em hora, e sossegou, sem interrupções. Então, quem de direito decidiu voltar a abrir a empresa turística. E os barcos regressaram ao mar, com vento favorável. Meses se passaram, e as coisas permaneciam normais e tranquilas.
Além disso, começaram a surgir rumores de que o Senhor Vento e o Senhor Mar tinham feito as pazes e acordado em fazer, sempre, tudo com calma e com ordem. O tempo dirá.

 Manuel Rosa, 9.º C, n.º 7.

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