segunda-feira, 15 de novembro de 2021

ESCRIT@TOP.COM - CRÓNICA IV «A VELHICE»

                                          A VELHICE

Aprendi com um velho! Pobre do velho sofrido e perdido, sem saber o que fazia, só sofria. As pessoas ignoravam-no e quando suspirava ainda diziam:

- Do que reclama?

Mas não eram elas que viviam solitárias, era apenas ele e o mundo. Levantava, andava e pensava. Que vida tinha o pobre velho, um único sentido do caminho o acompanhava, um caminho frágil, de cerâmica. Se ele escolhesse e não fosse o certo, ficaria partido, até virar caco.

Ensinou-me que a vida tem o seu destino, se parte é só colar, se molha é só secar e se perdemos um dia iremos ganhar no outro.

Pequenos conselhos que se tornaram grandes aliados contra a vida, digo, a favor da vida.

Agora sei que o Velho de voz rouca e serena não era uma pessoa, nem era um animal, e que tudo isso acontecia na minha cabeça. O meu pensamento era o Velho, eu aprendia com o que vivia e aquilo que mais nos ensina é a velhice, pois o tempo dá pernas ao pensamento.

Jéssica Ramos, 9.º C, N.º 1.

IMAGEM: @N. Lemos


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