A VELHICE
Aprendi
com um velho! Pobre do velho sofrido e perdido, sem saber o que fazia, só
sofria. As pessoas ignoravam-no e quando suspirava ainda diziam:
-
Do que reclama?
Mas
não eram elas que viviam solitárias, era apenas ele e o mundo. Levantava,
andava e pensava. Que vida tinha o pobre velho, um único sentido do caminho o
acompanhava, um caminho frágil, de cerâmica. Se ele escolhesse e não fosse o
certo, ficaria partido, até virar caco.
Ensinou-me
que a vida tem o seu destino, se parte é só colar, se molha é só secar e se
perdemos um dia iremos ganhar no outro.
Pequenos
conselhos que se tornaram grandes aliados contra a vida, digo, a favor da vida.
Agora
sei que o Velho de voz rouca e serena não era uma pessoa, nem era um animal, e
que tudo isso acontecia na minha cabeça. O meu pensamento era o Velho, eu
aprendia com o que vivia e aquilo que mais nos ensina é a velhice, pois o tempo
dá pernas ao pensamento.
Jéssica
Ramos, 9.º C, N.º 1.
IMAGEM: @N. Lemos |
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