O AVIÃO
Sentado em terra, no relvado,
o coelhinho julga ver
no céu, acima do telhado,
um avião pronto a descer.
Sim, é verdade, é um avião.
E nele é fácil avistar
seu tio, o grande campeão,
que agita um lenço de assoar.
o coelhinho julga ver
no céu, acima do telhado,
um avião pronto a descer.
E nele é fácil avistar
seu tio, o grande campeão,
que agita um lenço de assoar.
Com um barulho atordoante,
o avião, todo vermelho,
ali aterra num instante
ante a alegria do coelho.
Já para o chão o tio salta.
E não lhe ficam nada mal
o capacete, a bota alta
e o casacão de cabedal.
O tio diz-lhe num sorriso:
- “Volto a voar. Queres vir também?”
E acrescentou: “Mas é preciso
pedires licença à tua mãe”.
“Lá em cima há sempre
muito frio” –
diz a mamã. “Queres um
conselho?
Para voares com o teu
tio
vai pôr o teu cachecol
vermelho”.
O coelhinho, sem
receio,
no avião se vai sentar:
- “Oh, como é bom dar
um passeio!
Já vou subir! Já estou
no ar!
“Voar tão alto e tão depressa
faz com que a minha mãe, na estrada,
com a formiga se pareça.
E, agora, já não vejo nada!”
O tio diz: - “Olha um castelo,
dentro de um grande pinhal verde”.
- “Sim, vejo, vejo! Como é belo!”
Mas para trás logo se perde!”
Subitamente, vê o mar
e, sobre a água muito azul,
barcos à vela, a navegar.
Depois, o tio volta ao sul:
- “Vão sendo horas de ir para casa,
a tua mãe está em cuidado.
Olha de cima dessa asa
a tua casa, o verde prado”.
E, mal acaba de descer,
à mãe, que o beija com amor,
diz o coelho: - “Quero ser,
quando crescer, aviador!”
António Manuel Couto Viana, Versos de Cacaracá, Litexa Portugal, pp. 40-41.
NOTA: Leitura coletiva do poema pelos meninos do 2.º ano da Escola Básica n.º 1 de Monchique (S. Pedro), sob a orientação da professora Ana Marques.
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