MINHA PENA MINHA ESPADA
Dois países num país
Canto o escravo ou o senhor?
Canto a dor que se não diz
canto a dor.
Minha pena a quem prenderam
guitarras com que cantavas
solta as aves que cresceram
nas palavras.
Rasga os silêncios e canta
vestida de terra e lua
solta o vento na garganta
desce à rua.
Minha pena baioneta
meu navio minha enxada
minha pena de poeta
minha espada.
Esta rua é teu país.
E a quem se senta no trono
vai e diz:
os homens não têm dono.
Manuel Alegre, País
de Abril – Uma Antologia, Alfragide, Publicações Dom Quixote, 2014, pp. 43-44.
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