sexta-feira, 19 de abril de 2024

DA POESIA AO VALOR DO 𝝅

Há, certamente, muitas e variadas formas de estudar matemática, mas associar a poesia à abordagem de um conteúdo tão importante quanto o valor do 𝝅 pode parecer arriscado.

Créditos da imagem: Georgina Gervásio

E se a poesia for «A história infinita do 𝝅», de Manuel António Pina?

 A história infinita do 𝝅 


Julgando o fim a chegar,
o 𝝅 deu de começar
a preocupar-se consigo.
E um dia fez a bagagem
e partiu numa viagem
ao fundo do seu umbigo.

Mas o umbigo era mais fundo
do que o umbigo do mundo
e o 𝝅 regressou mais
baralhado que à partida,
de cabeça confundida
com cálculos decimais…

Hoje o 𝝅, já muito velho,
senta os netos nos joelhos
e fala-lhes de Alexandria,
da China, de Chung Zhi,
de Al-Kashi, de Al-Kwarismi,
da Casa da Sabedoria.

E dos milhares de milhão
de casas onde viveu
na sua aventurosa existência,
desde o dia em que nasceu
da estranha relação
dum diâmetro e uma circunferência.

 MANUEL ANTÓNIO PINA, Pequeno Livro de Desmatemática. Assírio e Alvim, 2002, pp. 26-27.

E se, antes disso, os alunos já tiverem conhecimento do texto «O 𝝅», do mesmo autor?

Digamos que está aberto o caminho para uma atividade prática que permite comprovar o valor do 𝝅.

E foi precisamente isso que aconteceu na passada semana, na nossa biblioteca escolar, com os alunos do 6.º ano a descobrirem como chegar ao valor do 𝝅.

Bastou, apenas, seguir as seguintes etapas: 

    👉 Medir, com rigor, o perímetro da circunferência:
    👉 Medir, com rigor, o diâmetro dessa circunferência;
    👉 Dividir o valor do perímetro pelo valor do diâmetro.






E, pronto, estava encontrado o valor do 𝝅3,1416….

Obviamente, nem todos os resultados encontrados pelos alunos foram exatos, pois não dispúnhamos de instrumentos de medida rigorosos e precisos, mas todos os valores se aproximaram muito do valor do 𝝅.

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