A DIREÇÃO DO SUBMUNDO
Fotografia: @ Bernardo Ferreira |
Um dia como outro qualquer, Tomi foi dar uma volta de bicicleta. Mas desta vez, não foi pelo caminho de sempre, decidiu ir por um caminho novo. Um caminho de terra batida, tão mau que nem os camiões se atreviam a passar ali.
A metade
do caminho, junto a umas pedras gigantes, Tomi encontrou um sinal partido com o
desenho de um túnel e uma linha por cima onde se lia «proibido». Havia aí, de
facto, um pequeno buraco, por onde o miúdo passou. Deixou a bicicleta fora e
passou sozinho. Já tinha passado uma hora e Tomi continuava a sua aventura
dentro do túnel. Tudo estava a correr bem, até que se começaram a ouvir
barulhos, vozes e uns movimentos estranhos. Mas lá dentro só estava o Tomi e,
por isso, ele não percebia nada.
Armou-se
de valor, acendeu a lanterna e todos os barulhos acabaram. As sombras
desapareceram e a sensação de medo diminuiu. Ele tratou, então, de observar
tudo e tentar perceber alguma coisa do que tinha acontecido minutos antes.
Avançou, sem receio. Até que chegou ao fim do túnel e encontrou uma parede de
pedra queimada. De repente, abriu-se um portal desconhecido à sua frente e uma voz
de ultratumba falou assim: - Se tiveres a coragem suficiente de entrares lá
dentro, nunca mais voltar a este mundo! Juntamente com essa voz, milhares
de sombras e estranhos barulhos de pessoas que já não estavam neste mundo
gritavam para o garoto entrar e unir-se a eles.
Tomi
acordou no hospital depois de ter caído da bicicleta e ter batido com a cabeça.
Contou esta história aos médicos e aos pais, mas, por ser apenas um miúdo de
catorze anos, ninguém o tomou a sério! Agora, o que, sim, é certo é a
existência daquele túnel. Também do caminho e do sinal.
Já
passaram trinta anos e ainda ninguém sabe o que está no interior daquele túnel.
A não ser o Tomi, que jura ter estado lá dentro, a ver e a ouvir. Na verdade, só
quem entrou e saiu pode contar «A Direção do Submundo».
Bernardo Ferreira, 9.º A, n.º 5
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