sexta-feira, 29 de abril de 2022

ESCRIT@TOP.COM - CONTO X «A DIREÇÃO DO SUBMUNDO»

 A DIREÇÃO DO SUBMUNDO

Fotografia: @ Bernardo Ferreira

Um dia como outro qualquer, Tomi foi dar uma volta de bicicleta. Mas desta vez, não foi pelo caminho de sempre, decidiu ir por um caminho novo. Um caminho de terra batida, tão mau que nem os camiões se atreviam a passar ali.

A metade do caminho, junto a umas pedras gigantes, Tomi encontrou um sinal partido com o desenho de um túnel e uma linha por cima onde se lia «proibido». Havia aí, de facto, um pequeno buraco, por onde o miúdo passou. Deixou a bicicleta fora e passou sozinho. Já tinha passado uma hora e Tomi continuava a sua aventura dentro do túnel. Tudo estava a correr bem, até que se começaram a ouvir barulhos, vozes e uns movimentos estranhos. Mas lá dentro só estava o Tomi e, por isso, ele não percebia nada.
Armou-se de valor, acendeu a lanterna e todos os barulhos acabaram. As sombras desapareceram e a sensação de medo diminuiu. Ele tratou, então, de observar tudo e tentar perceber alguma coisa do que tinha acontecido minutos antes. Avançou, sem receio. Até que chegou ao fim do túnel e encontrou uma parede de pedra queimada. De repente, abriu-se um portal desconhecido à sua frente e uma voz de ultratumba falou assim: - Se tiveres a coragem suficiente de entrares lá dentro, nunca mais voltar a este mundo! Juntamente com essa voz, milhares de sombras e estranhos barulhos de pessoas que já não estavam neste mundo gritavam para o garoto entrar e unir-se a eles.
Tomi acordou no hospital depois de ter caído da bicicleta e ter batido com a cabeça. Contou esta história aos médicos e aos pais, mas, por ser apenas um miúdo de catorze anos, ninguém o tomou a sério! Agora, o que, sim, é certo é a existência daquele túnel. Também do caminho e do sinal.
Já passaram trinta anos e ainda ninguém sabe o que está no interior daquele túnel. A não ser o Tomi, que jura ter estado lá dentro, a ver e a ouvir. Na verdade, só quem entrou e saiu pode contar «A Direção do Submundo».

 Bernardo Ferreira, 9.º A, n.º 5

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