segunda-feira, 4 de outubro de 2021

ESCRIT@TOP.COM - MONCHIQUE E OS SEUS LUGARES AMADOS

     «No rectângulo da paisagem algarvia, afogada de sol, salpicada de espuma, Monchique surge como verdejante ilha dos amores no mar das descobertas. Aqui, tudo são cumplicidades – entre a Natureza e as gentes, a luz e as sombras, a água e as fontes, a urze e os tojos, a cor e os frutos. Aqui, tudo é diferente. É esta montanha mágica que refresca o Algarve, que lhe enche os pulmões.»

(António da Silva Carriço, «Retrato da Paisagem enquanto Gente»,
Lisboa, Edições Colibri, 2005, p.21.)

PICOTA: AS MINHAS RICAS PEDRAS DA IMAGINAÇÃO

Fotografia: @André Sampaio

             Nas minhas ricas pedras … o que será que já lá se passou?
            Olho para elas e vejo aquela estátua imóvel, rodeada pelo verde, onde bate o sol. Abundante em nascentes, os animais conseguem refrescar-se, e um escorpião da pedra eu vejo deslizar!
            Mas, no meio de todos os perigos, vejo uma linda flor nascer, a qual um dia um veado irá comer.
            Posso ver ao longe a terra lavrada, está a anoitecer e o javali acorda não tarda. Oculto a minha presença e percebo uma dedaleira: as suas flores parecem saias com que as mulheres poderiam dançar. Mas a única coisa que eu vejo com olhos de ver é o lindo luar, a iluminar toda a biodiversidade que aqui existe.
            Agora, o javali já despertou e o território analisou. Enquanto passa pelas afiadas silvas, ouve-se o mato a estalar como a madeira de uma fogueira.
            E é por isto que eu adoro as minhas ricas pedras da imaginação, que sempre irão estar no meu coração.
 
André Duarte Sampaio, 9.º B, N.º 2.

Miradouro alto como montanha: vista bela lá de cima … Sinto o vento, vivo, contra a minha cara, a brisa da felicidade das pessoas lá no topo, a olhar para baixo, tal como Deus olha para nós. Vista bela, a nossa. Esverdeada como a esperança de que tudo acabará bem nesta bela terra.

Vejo os medronheiros carregados, vermelhos como a ira de Deus, a avermelhar a nossa felicidade, a nossa verdura. A chuva cheia de tristeza, a trovoada a ser descarregada… Mas eis que vem o sol, a alegria que sentimos, o calor do verão. Vida a despertar. E, de lá de cima, no Miradouro, a vista pousa sobre a nossa terra: Monchique.

                               Ricardo António Medronho, 9.º B, N.º 12.


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