quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

EU, LEITOR(A), SUGIRO «O CONTO DA ILHA DESCONHECIDA» (TEXTO I)

 

«Disparate, já não há ilhas desconhecidas, Quem foi que te disse, rei, que já não há ilhas desconhecidas, Estão todas nos mapas, Nos mapas só estão as ilhas conhecidas, E que ilha desconhecida é essa de que queres ir à procura, Se eu to pudesse dizer, então não seria desconhecida, A quem ouviste tu falar dela, perguntou o rei, agora mais sério, A ninguém, Nesse caso, porque teimas em dizer que ela existe, Simplesmente porque é impossível que não exista uma ilha desconhecida […]».

José Saramago, O Conto da Ilha DesconhecidaPorto, Porto Editora, 2019. 

Onde fica?

A Ilha Desconhecida?

No Triângulo das Bermudas?

Em Zanzibar?

Okinawa?

No Parque Nacional dos Lagos de Plitvice?

Algures na Reserva Natural do Vale Jiuzhaigou?

Entre os glaciares da Patagónia Chilena?

Localizada a 15º 78' S e 54º 33' E do Oceano Índico?

Ou exatamente aí,

no centro

                   do

                               teu

                                            coração? 

Se queres mesmo saber, tens duas hipóteses, podendo optar por … ambas!

 1) Ler O Conto da Ilha Desconhecida, escrito por José Saramago, que aí nos revela onde qualquer um de nós (sabendo o segredo, claro) pode encontrar uma Ilha Desconhecida. 

2) Ler a continuação da história original, tal como foi escrita pela tua colega Lara Martins, aluna do 8.º C, que propõe uma viagem bem original:

        (…) Depois de tanto insistir com o Rei para que lhe desse um barco, que sempre negava, o Homem saiu daquela sala, deixando-o ali sentado. Saiu do palácio decidido a construir o seu próprio barco, pois ele não precisava de depender de alguém para realizar os seus sonhos.

Afastando-se da casa, começaram a chover perguntas pela sua cabeça, mas o Homem tentou manter a calma, pois lembrou-se que tinha um velho amigo pescador que o poderia ajudar. Depois de andar alguns quilómetros, chegou a uma pequena casa, com a pintura já gasta, cheia de mato à volta. Guiando-se até à porta de madeira velha, bate.
- Ó da casa! - diz o Homem falando alto, mas sem sinal que possa estar alguém. Então, retomou o caminho, andando à deriva nos seus pensamentos mais profundos. Tropeçou em algo, caindo no chão. Com o choque da queda, demorou um bocado para abrir os olhos, mas, logo que os abriu, deparou-se com uma bolsa de couro castanha semiaberta, oferecendo a visão de um lindo caderno. Não demorou muito para que o Homem pegasse nele e o folheasse, vendo o que estava lá dentro.
O Homem ficou estupefacto com as obras de arte que aquele simples caderno tinha: eram lindas, pinturas cheias de vida. Em cada uma delas dava para sentir algo especial. Guardou a bolsa, voltando à sua rota, e foi para casa. Quando lá chegou, pousou o pequeno livro em cima da sua mesa, pensando no que iria fazer sobre o assunto do barco.
- Claro que há alguma ilha desconhecida! E quem é o Rei para me dizer que não posso criar a minha própria ilha?
Assim que ele disse isto, surgiu-lhe uma ideia na mente:
- Porque não criar a minha própria ilha naquele caderno?
Foi à cozinha e retirou da fogueira um pedaço de carvão que iria servir para ele desenhar. Começou a fazer vários traços aleatórios sem sequer saber por e para onde ir, mas o certo é que tudo o que ele gostaria de ter numa ilha colocou no papel, desde as maiores palmeiras até ao oceano brilhando.
Logo depois de ter acabado, o Homem ficou surpreendido com o seu trabalho, voltando a guardar o caderno na sua bolsa, cuidadosamente, e saindo apenas com aquilo.
- O que você quer? - perguntou o Rei ao ver novamente aquele sujeito à sua frente.
- Queria mostrar-lhe que existem ilhas desconhecidas.
- Não é possível, eu conheço todas as ilhas deste reino! - afirmou o Rei.
Logo o Homem mostrou os desenhos que tinha feito.
- Qualquer ilha desconhecida pode existir, se a criarmos à nossa própria maneira.
O rei soltou uma gargalhada, que percorreu os ares, mas logo parou, ao aperceber-se de que o Homem estava a falar a sério.
- Então, significa isso que já concretizou o seu sonho? - perguntou o Rei.
- Neste caso, sonhá-lo é concretizá-lo. O meu sonho nunca foi descobrir uma ilha. O meu sonho foi descobrir. Descobrir, descobrir. Explorar, viajar… E talvez consiga fazer isso através de um simples papel…

Lara Martins, 8.º C, n.º 6. 

Fonte da imagem: https://momentosdemagia.files.wordpress.com/2013/07/saramago-o-conto-da-ilha-desconhecida.jpg 

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