quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

MONCHIQUE "WALL STREET"


“Wall Street” é o título de um conto do geógrafo e escritor monchiquense Eduardo Jorge Duarte que preenche a última página da edição de janeiro de Le Monde Diplomatique.

Fiel à sua escrita cuidada e metafórica, Eduardo Duarte apresenta-nos, neste conto, Diamantino Serpa, um solteiro e solitário empregado bancário que, depois da reforma, se apercebe “da vida monocórdica que levara entregue à azáfama do ofício”, não lhe restando “ninguém a quem pudesse entregar um afeto”. Decide, então, “dar um sentido ao resto do tempo que agora lhe sobrava”: deixa de usar gravata e dedica-se à leitura. Os livros preenchem os espaços outrora ocupados pelas gravatas e com estas constrói “um pequeno muro transponível de cores, formas e texturas” “junto à ruína terraplanada de um antigo colégio”. Diamantino Serpa soma leituras, “sentado num banco de automóvel, perto do roçagar das suas antigas gravatas”, e estas traçam-lhe um novo destino.

O tom policromático da realidade invade a ficção neste excecional texto de Eduardo Duarte e o autor deixa escapar as cores, os sons, os cheiros e os afetos que dão corpo à sua identidade. Monchique revela-se neste conto e apresenta-se ao mundo com a sua própria “Wall Street”.

Sem comentários: