quarta-feira, 4 de março de 2015

UM POEMA POR DIA: LÁGRIMA DE PRETA

 Oswaldo Guayasamín (1919-1999)
LÁGRIMA DE PRETA

Encontrei uma preta  
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume                                                  
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

                           António Gedeão
                           Poema sugerido por: Madalena Duarte e Margarida Correia - 9.º B

 

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