Imagem retirada de: https://www.aljazeera.com/opinions/2020/2/21/malcolm-x-is-still-misunderstood-and-misused |
PÁGINA DE UM DIÁRIO
ADIVINHA QUEM!
Querido X, voltei para Detroit. Essa velha cidade,
cheia de bairros perigosos, ela não mudou, está visualmente apenas um pouco
mais triste, no entanto, as minhas velhas rotinas ainda são possíveis. Tal como
ir ao restaurante de kebab todas as sextas-feiras ou fazer um passeio passeando
pela ponte «Ambassador».
A cidade não mudou, e mesmo assim sinto que nada está
igual. Desde que eu fui «expulso» da comunidade muçulmana, os meus velhos
amigos ou me julgam ou ignoram-me. Mas o pior é que a minha relação com o
Cassius Marcellus, ou deveria eu dizer Muhammad Ali, está acabada.
Pessoalmente, não me importava de continuara a ser seu amigo, mas eu acho que
esse sentimento não é recíproco.
Tento dizer-me que tudo isso é o destino e que é isso
que o grande Alá quis para mim. Mesmo assim, não consigo ver de forma positiva
a minha situação, perdi a fé.
Agora que não me resta nada a não ser a minha família,
tento estar o mais presente possível para ela. Mas eu tenho medo, tenho medo
que, para se vingar de mim, alguém mal-intencionado cause tristeza e/ou dor à
minha família.
Querido X, já não sei quais as minhas crenças. Já não
sei se estou certo. Já não sei quem sou.
Adeus.
Nota:
Para saberes quem é a personagem histórica que «escreveu» este texto, clica aqui.
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