Imagem retirada de: https://www.todamateria.com.br/a-noite-estrelada/
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PÁGINA DE UM DIÁRIO
ADIVINHA QUEM!
Quinta-feira, 24 de junho de 1889
Há
já muito tempo que todas as noites vou ver aquelas luzes luminosas no céu,
aquelas cores vivas e mortas! Até que chegou A Noite. O vento batia-me e
passava-me pelo pescoço e pelas orelhas, senti grandes arrepios quando isso
aconteceu. Senti também que aquela noite era especial! De todas as vezes que a fui
contemplar, nunca me tinha sentido tão vivo como então. Sempre que penso
naquele grande céu, cai-me uma lágrima, é uma sensação muito estranha e não
consigo descrevê-la por simples palavras neste velho diário…
Às
vezes, parece que é a primeira vez que me sento na erva e olho para o que está
em cima de mim!
Tenho
de preservar todas as cores, todas as luzes, todas as árvores e todas as
sensações e pensamentos que tive. Preciso de me lembrar sempre da noite mais
estrelada e linda que vi… Peguei no meu pincel mais novo, coloquei a melhor
tela para pintar que tinha comigo, sentei-me no meu banco de madeira, que
rangia sempre que lhe tocava… Não suporto mais aquele barulho… Naquela tela
branca coloquei tudo aquilo de que me lembro. Senti-me tão livre ao recriar
aqueles tons de azul! Talvez esteja doido, mas garanto que todo aquele céu
estava a girar e a andar à roda uma e outra vez! Levei dias a perfeiçoar aquele
quadro, a colocar todas as cores da forma mais correta. Fiquei cansado, até
agora. Mas, pelo menos, fiquei também com uma imagem eterna, pintada num dos
momentos mais belos da minha vida: uma perfeita escuridão estrelada.
Mal
posso esperar que a noite regresse para ver, de novo, sobre mim, as estrelas a
cintilarem.
Até
breve, Diário.
Maria Inês Costa, n.º 9, 8.ºC.
Nota:
Para
saberes que é a personagem histórica que «escreveu» este texto, clica aqui.
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