E se
dezenas de alunos da nossa escola se transformassem em jornalistas por uma
hora?
A
proposta foi feita aos alunos do 8.º ano, pela sua professora de Português, no âmbito do estudo do texto
informativo, e o resultado foi este: uma entrevista fictícia
realizada à Diretora do nosso Agrupamento!
Trinta e
duas perguntas e trinta e duas respostas totalmente imaginadas, sobre temas que
preocupam os nossos alunos!
Jornalista: Boa tarde, Senhora Diretora! Bem-vinda à
Associação de Estudantes da escola Manuel do Nascimento!
Sra. Diretora: Boa tarde! Muito obrigada por me estarem a proporcionar
esta entrevista.
Jornalista: Senhora Diretora, alguma vez tinha pensado em
ser diretora deste agrupamento?
Sra. Diretora: Eu quando era jovem nunca pensei que poderia ter este
cargo, mas sempre admirei o trabalho dos diretores e das escolas que
frequentei.
(Daniela Fernandes, 8.º B, n.º 8.)
Jornalista: A direção da escola tem outros elementos,
como é o vosso relacionamento?
Sra. Diretora: A minha relação com os meus colegas é muito boa.
Caminhamos todos com o mesmo objetivo, ou seja, na mesma direção. Queremos que
os nossos alunos aprendam, cresçam responsáveis, mas que sejam crianças felizes
e se sintam apoiados acima de tudo.
Quando surgem ideias novas por parte de um de nós, todos
os outros estão sempre disponíveis para as ouvir. Pois há grandes projetos que
surgem de pequenas ideias que depois, com a ajuda de todos, crescem, e assim se
fazem grandes coisas.
Claro que nem sempre estamos todos de acordo num ou
noutro ponto. Nestas situações falamos, acabamos por chegar a uma conclusão e
tudo se resolve.
(Tiago Correia, 8.º A, n.º 17.)
Jornalista: Então, e como é ser diretora de um
agrupamento com cerca de quatrocentos alunos?
Sra. Diretora: Bem, apesar de parecer fácil, é uma tarefa muito
complicada. Este trabalho vai desde fazer tudo para que os alunos se sintam
bem, até ir às várias escolas do agrupamento para perceber como é que podemos melhorar!
Agora, com esta situação da Covid-19, este trabalho tornou-se ainda mais
complicado, porque tivemos de estabelecer muitas restrições, e muitos alunos
não as respeitam… No entanto, acredito que não o fazem de propósito, fazem-no
apenas por não estarem habituados!
Jornalista: Já que falou nestas novas restrições por causa da Covid-19, poderia dizer-nos quais foram as que a escola adotou, em concreto?
Sra. Diretora: Mais do que restrições, devemos vê-las como regras,
regras de saúde pública. Existem muitas, mas irei fazer o possível por dizer
todas! Vou começar por falar do distanciamento. Os alunos devem fazer o
distanciamento de, no mínimo, um metro quando estão com máscara, e, no mínimo, dois
metros quando estão sem máscara. Os alunos devem também desinfetar as mãos
sempre que entram na sala de aula. É obrigatório usar máscara! Todos os alunos
devem usar a etiqueta respiratória, mas esta medida, na verdade, já devia vir
de trás.
(Gil Matos, 8.º A, n.º 6.)
Jornalista: Acha que o ensino à distância foi bom para os alunos?
Sra. Diretora: De certa forma foi, porque impediu que os alunos deixassem de ter
aulas, mas levou-os a ficar mais isolados uns dos outros, o que não
acontece na escola. O estudo em casa também trouxe alguns problemas emocionais
aos alunos. Para evitar e resolver este tipo de problemas, a escola e o
Ministério da Educação decidiram que os alunos, no ano letivo de 2020/2021, deveriam
regressar às escolas. Para isso, foram tomadas várias medidas de forma a
proteger alunos, professores e funcionários, as quais devem ser respeitadas por
todos.
(Afonso Pinto, 8.º A, n.º 1.)
Jornalista: A Sra. Diretora tem alguns projetos para 2021?
Sra. Diretora: Sim, temos alguns planos pensados para 2021, como a limpeza
dos telhados com amianto. Depois queríamos também poder arranjar o campo
de futebol e os cestos de basquetebol. Já para não falar de questões
relacionadas com o coronavírus, que não sabemos até quando durará.
(André Revés, 8.º A, n.º 4.)
Jornalista: Qual o próximo projeto que a escola vai
desenvolver, no imediato? E quando?
Sra.
Diretora: O próximo projeto será na época Natalícia, iremos
para as ruas dar comida aos mais necessitados; ajudar uma instituição com os
presentes para as crianças; entre as turmas vamos fazer o amigo secreto; vamos
convidar a população do nosso concelho para a festa de Natal da nossa escola,
com a apresentação de canções no polivalente, um lanche convívio e a
distribuição de lembranças de Natal (prendinhas). Sempre cumprindo as regras da
DGS!
(Margarida Gaio, 8.º C, n.º 9.)
Jornalista: A senhora Doutora Maria de Jesus pensa fazer mudanças imediatas nesta
escola?
Sra.
Diretora: Sim, estou a pensar fazer algumas mudanças. Nos
intervalos ou nos almoços, eu e os meus colegas ouvimos alguns comentários dos
nossos alunos, a reclamar o quão partida está a calçada, e como o teto das
salas deita água em tempos de chuvas. Por isso, nós planeamos algumas mudanças na
escola, para os alunos terem conforto durante a aprendizagem.
(Rafael Guedes, 8.º B, n.º 1.)
Jornalista: Sra. Professora, pretende poupar
dinheiro para remodelar a escola para o futuro dos próximos alunos?
Sra. Diretora: Pensado bem, eu quero, claro, mas é bastante dinheiro tendo em conta que
são pelo menos quinhentos metros quadrados de terreno! Por outro lado, temos
muitas salas e seria preciso gastar muito dinheiro com mobiliário, cadeiras, mesas,
etc. O mais difícil, mas importante, era mesmo poder contar com alguma ajuda da
Câmara de Monchique. Espero que algum dia consiga.
(Manuel Rosa, 8.º C, n.º 8.)
Jornalista: O que mudaria em
particular nas salas de aula?
Sra. Diretora: O
comprimento das salas e o aquecimento, pois nos dias de chuva faz frio nas
salas!
(Joel José, 8.º A, n.º 8.)
Jornalista: Existe sempre a
possibilidade de voltarmos para casa. Que medidas estão tomadas?
Sra. Diretora: Para começar pedi aos professores para iniciarem uma turma na «classroom»
para, se tivermos de ir para casa (esperemos que não), já está ao menos a turma
feita. Também já pensámos nos horários da escola para, se estivermos de
quarentena outra vez, já estar tudo mais ou menos orientado.
(Francisco Jesus, 8.º B, n.º 10.)
Jornalista: Como está a
decorrer a desinfeção das salas?
Sra. Diretora: A desinfeção da escola tem sido um sucesso, mas o
problema é que temos falta de funcionários. Portanto, a limpeza corre bem, mas
os funcionários são poucos. Vamos tentar contratar mais funcionários em 2021!
(André Revés, 8.º A, nº 4.)
Jornalista.: Nesta altura de
pandemia, acha que as auxiliares estão a cumprir um bom trabalho?
Sra. Diretora: Sim, eu acho que estão a fazer um excelente trabalho,
pois desinfetar mesas, cadeiras, o teclado e rato do computador, de várias
salas dos blocos é muito cansativo. E ainda têm de limpar a sujidade que os
alunos trazem da rua para as salas, os resíduos das borrachas, os papéis que os
alunos deixam no chão, e as aparas dos lápis. E fazer isso tudo é muito
cansativo!
(Simão Jesus, 8.º B, nº 17.)
Jornalista: Como foi conseguir manter as cantinas abertas? E os
alunos continuarem a ter aulas de educação física, foi um desafio?
Sra. Diretora: Para se conseguir
manter a cantina aberta, decidimos mudar os horários de almoço das turmas:
almoçam juntos os alunos do 2.º ciclo, depois os alunos do 7.º ano e por último
os alunos de 8.º e 9.º anos. Decidi entregar a difícil missão de manter o desporto
ativo aos professores de educação física, mas claro que primeiro demos algumas
orientações sobre como gerirem as aulas. Os alunos têm de levar um par de ténis
para educação física, estes ténis não podem ser utilizados fora do pavilhão. Os
funcionários controlam essa questão e o número de pessoas que ficam dentro do
balneário.
(Mariele Venda, 8.º A, n.º 14.)
Jornalista: O que acha sobre os
ajuntamentos no portão da escola?
Sra. Diretora: Eu acho que os alunos deviam dirigir-se logo para a porta da sua sala e
não esperar pelos amigos/as para irem juntos. Os alunos parecem não perceber
que o vírus não faz a distinção entre o interior da escola e o exterior da
escola, ele ataca em ambos os espaços. Penso que também cumpre aos pais chamar
a atenção dos filhos para este aspeto.
(Lauro Vicente, 8.º A, n.º 10.)
Jornalista: E quanto às atividades escolares relacionadas com o
desporto?
Sra. Diretora: Antes havia natação,
badminton, ténis e outras atividades no polivalente, dirigidas pelo professor
João Cristina e pela professora Fernanda Gomes, porém, por causa da Covid-19, não
pode haver ajuntamentos nem podem mexer todos nos mesmos jogos e utensílios.
Espero que quando não houver mais vírus volte tudo à normalidade.
(Leonor Valério, 8.º A, n.º 13.)
Jornalista: Pretende realizar o evento do corta-mato?
Sra.
Diretora: Todos os anos o realizamos, mas como este
ano existe a covid-19, não sei como vai ser, pois as turmas supostamente não se
podem juntar, e o corta-mato é feito com todas as turmas, apenas se divide em
escalões. Independentemente das turmas, os escalões é que interessam. Só se vai
realizar se acabar a covid-19, por isso, vamos ver primeiro como corre essa
questão...
(Martim Teixeira, 8.º C, n.º 10.)
Jornalista: Ultimamente os 8.º anos não têm tido francês, por
que motivo não arranja um professor/a substituto?
Sra. Diretora: Boa pergunta, a escola não adotou um professor substituto, pois a
professora está de baixa e decidimos que seria uma ótima escolha nos tempos de
francês os alunos do 8.º ano conversarem com uma educadora social sobre
diversos assuntos, como comportamentos de risco.
(André Sampaio, 8.º B, n.º 2.)
Jornalista: Sra. Diretora Maria de Jesus, é
difícil encontrar professores para esta escola?
Sra. Diretora: Sim, é difícil encontrar professores, porque alguns
dizem que vêm, mas depois nunca aparecem! Algumas vezes, são os professores que
moram longe, como no Porto, Guimarães, Lisboa, entre outros… Mas há alguns
professores que vêm, mesmo morando longe!
(Tomás Albano, 8.º C, n.º 15.)
Jornalista: Senhora diretora, os alunos dos oitavos e dos
nonos anos estão a entrar pelo portão mais afastado do seu bloco e o trajeto,
se estiver a chover, não tem proteção da chuva. Como é que eles chegam às salas
de aula sem se molharem?
Sra. Diretora: É verdade, eles estão a entrar
pelo portão mais afastado do seu bloco, pois com a vinda da covid-19, não
podíamos ter todos os anos a entrar pelo mesmo portão, e como eles já estão na
escola há mais tempo, e são mais velhos, entram pelo portão mais longínquo. Nos
dias de chuva, vamos tentar arranjar caminhos alternativos para eles caminharem
sem se molharem.
(Catarina Águas,
8.º B, n.º 7.)
Jornalista: Agora, um assunto que causa imensa
curiosidade e até alguma fúria nos alunos… Por que motivo proibiu o uso dos
telemóveis na escola?
Diretora:
Muitos alunos me questionam sobre esse assunto, mas nunca fui a fundo na minha
resposta. Decidi proibir os telemóveis na escola para que os alunos possam
conviver mais uns com os outros. O principal da escola é a aprendizagem, mas
não é apenas isso, também é importante que os alunos conversem uns com os
outros e não estejam sempre «vidrados» no telemóvel.
(Ana Marques,
8.º A, n.º 3.)
Jornalista: E nestes tempos de pandemia, não
seria melhor voltar a permitir o uso dos mesmos?
Sra. Diretora: Nós achamos que os telemóveis não são necessários e, por vezes, até
prejudiciais para a aprendizagem. Como disse, havia muitos alunos que ficavam
os intervalos todos ao telemóvel, e não conviviam. Agora, com a pandemia,
alguns alunos reclamam que seria melhor permitir o uso do telemóvel para os
entreter e assim cumprirem o distanciamento, usando isso como desculpa, mas os
alunos conseguem conviver cumprindo o distanciamento, sem telemóvel.
(David Nobre, 8.º B, n.º 9.)
Jornalista: Em relação à viagem de finalistas do 9.º ano, acha que é possível manter-se
essa viagem? E onde seria?
Sra. Diretora: Ainda é um pouco difícil de responder a essa pergunta, porque não sabemos
como será o futuro desta pandemia. Eu acho que é possível a viagem acontecer,
mas com muito, muito cuidado, respeitando as regras básicas desta pandemia.
Agora onde irá ser a viagem não sei, mas lembro-me de ter falado com eles o ano
passado, sobre esse tema e, se bem me recordo, penso que eles queriam ir para o
norte de Portugal.
(Lourenço Rio, 8.º C, n.º 5.)
Jornalista: Algumas vezes os alunos reclamam
da qualidade da comida da cantina. O que acha disso, Sra. Diretora?
Sra. Diretora: Na minha opinião, a comida da cantina é boa, apesar de ter ido
comer lá poucas vezes. Não vejo erros nutricionais na comida, pelo
contrário, mas se por acaso os alunos não gostam da comida da cantina têm
a opção de ir comer a qualquer outro sítio. Não o recomendo, porém. A grande vantagem
de comer na escola é que é barato e saudável. Temos também uma
nutricionista competente que faz duas ementas, a ementa vegetariana e a
omnívora.
(Leonardo Novais, 8.º B, n.º 11.)
Jornalista: O que acha da ementa vegetariana?
Sra. Diretora: A ementa da cantina é muito variada, o que é bom. A ementa vegetariana é
uma ideia genial para os alunos vegetarianos! Por outro lado, se algum aluno
não gostar da ementa normal pode sempre optar pelo prato vegetariano.
(Ricardo
Medronho, 8.º B, n.º 15.)
Jornalista: Sra. Diretora, o que pensa da biblioteca escolar?
Sra. Diretora: Acho que a biblioteca escolar é um espaço bom para se estar e bom para os
alunos realizarem os seus trabalhos. Aí podem encontrar tudo sobre livros!
(Beatriz
Andrez, 8.º B, n.º 4.)
Jornalista: E para quando uma escola nova,
Senhora Diretora?
Sra. Diretora: Isso é uma pergunta à qual não
posso responder com precisão. Achamos que estará para breve alguma mudança,
mesmo que não seja uma escola totalmente nova, pelo menos obras na já
existente, dado que esta escola está a ficar muito degradada e, por isso, alguma
coisa acredito que será feita.
(Ricardo Mira, 8.º A, n.º 16.)
Jornalista: Sra. Diretora, qual foi a maior dificuldade na sua carreira?
Sra.
Diretora: A minha maior dificuldade surgiu quando tive uma
aluna com «dois» em todas as matérias, todas. Felizmente, depois de uma longa
conversa, no final do ano ela só teve «quatros» e «cincos», também porque ficou
sem nenhuma tecnologia durante todo o ano, então não havia mais nada para fazer
sem ser estudar...
(Lázaro Piedade, 8.º C, n.º 3.)
Jornalista: Quais são os fatores que poderão contribuir para os bons
resultados desta escola?
Sra. Diretora: Dos fatores que poderão contribuir para os bons resultados da escola
destaco o clima da mesma, que privilegia um bom ambiente de estudo. Preocupamo-nos
também com o rigor e com a exigência em tudo o que fazemos. Tentamos ajudar
sempre os alunos naquilo que precisam.
(Juliana Duarte, 8.º C, n.º 2.)
Jornalista: Porque é que a Maria de Jesus decidiu ser professora?
Sra. Diretora: Eu decidi ser professora porque gosto muito de ensinar, ver o desempenho dos alunos na escola, como o fazem. Ver como os alunos progridem ao longo da matéria e as dificuldades e os obstáculos que atravessam durante esta arte de aprender.
(Gonçalo Rio, 8.º A, n.º 7.)
Jornalista: Acha que é possível continuar
como diretora do agrupamento por mais anos?
Sra. Diretora: Neste caso eu acho que sim, pois
estou a fazer um ótimo trabalho enquanto diretora e espero continuar por muitos
mais anos porque adoro o trabalho que faço. É aqui que gosto de estar, por isso,
espero continuar por muito mais tempo, talvez até me reformar o que espero que
aconteça daqui a muitos anos.
(Leonardo Lourenço, 8.º C, n.º 4.)
Jornalista: O que deseja para estes alunos?
Sra. Diretora: Desejo muita sorte
na vida, que trabalhem para chegarem aos vossos objetivos, esforcem-se, corram
atrás dos vossos sonhos, nunca desistam e pensem que no passado não existiam
estas condições. Acima de tudo, agradeçam aos vossos pais.
Jornalista: Obrigado, senhora diretora, pela entrevista. Espero reencontrá-la no
futuro. Felicidades.
Sra. Diretora: Igualmente, e espero ver-te numa rede
de comunicação nacional, tens imenso jeito. Beijos para todos.
(Pedro Alves, 8.º A, n.º 15.)
Monchique,
novembro de 2020.