segunda-feira, 3 de maio de 2021

ESCRIT@TOP.COM - PÁGINA DE UM DIÁRIO (TEXTO I)

Gustav Klimt, «A Àrvore da Vida» (1905)


Sexta-feira, 22 de janeiro de 2022  

Olá, Nick! 

Hoje, enquanto ia para a escola, algo estranho me chamou a atenção, apesar de na altura não me ter incomodado, pois, quando o vi pela primeira vez, estava sentado confortavelmente no banco do carro. 

No entanto, ao sair da escola, fui até ao local averiguar. Deparei-me com um rapazinho que olhou para mim com um sorriso de orelha a orelha, um olhar meigo e sincero. Perguntei-lhe o que fazia em cima daquela árvore alta de formato estranho. Ele desceu da árvore e respondeu com uma única frase: «Eu tenho um sonho: construir uma casa na árvore, para nos dias quentes ir para lá brincar. Quero tornar essa casa na árvore o meu esconderijo!» Trocamos olhares, eu aproximei-me dele através do silêncio. (Mais ou menos como faço contigo, Nick!) Dava, naquele momento, para ver que o rapaz tinha as roupas com alguns pontos rasgados… O pequeno menino soltou uma gargalhada e eu disse-lhe que ia embora, mas com o pensamento de voltar posteriormente. 

Mais tarde, os ventos gelados percorriam as ruas, mas, ainda assim, Nick, saí de casa. Na altura, eu pensei que, se o rapaz ainda lá estivesse, poderia estar com fome. Voltei, então, para minha casa e preparei uma sandes. Regressei de novo àquele lugar tão atípico para uma criança ficar, olhei em volta e vi o menino encostado ao tronco daquela mesma árvore, o qual, apercebendo-se da minha presença, rapidamente se levantou e correu na minha direcção. Estás mesmo a ver qual foi a pergunta que lhe fiz, Nick… Perguntei-lhe logo se estava com fome. Ele abandonou imediatamente a cabeça, mostrando que sim. Tirei a minha mochila das costas e ofereci-lhe a sandes. Ele agarrou-a firmemente e comeu-a com uma velocidade surpreendente! Naquele momento, Nick, senti-me feliz e sorri para o pequenino, que me sorriu de volta. Os olhos do rapaz não transmitiam só meiguice e sinceridade, agora, também se via felicidade. Foi como se os olhos dele, Nick, pudessem ser preenchidos pelo nosso vasto universo e mais além! 

Falamos a tarde toda, até cessar a luz. Ele falou-me dos seus mais profundos sonhos, da sua vida e da história de um cachorrinho que ele tinha tido e que morreu atropelado à sua frente. Naquele momento, querido diário, escorreu-me uma lágrima. Limpei-a rapidamente e escondi a tristeza que senti ao ouvir a história. Por fim, dei uma gargalhada e falei a frase que estava presa na minha garganta: «Eu ajudo-te no teu projeto de construíres uma casa, bem lá em cima, no topo de uma árvore.»

            Nick, obrigada por me ouvires.

Tiago

 Tiago Manuel Duarte Correia, 8.º A.

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