«Quem és?»
Digo
o teu nome vezes sem conta.
Passo
pela tua casa quase todos os dias.
Dás
nome à minha
escola.
Vejo-te
na biblioteca. (Às vezes não dou por ti, confesso.)
Ofereceram aos meus
pais os teus livros (quando eu era mais pequeno).
E,
ainda assim, não sei quem és:
Manuel
do Nascimento.
Comecei o ano de forma estranha. Apresentei-me.
Os meus colegas apresentaram-se. A professora apresentou-se. E tu, tu
juntaste-te a nós. Sabes, há trabalhos de casa que valem mesmo a pena, se servem
para conhecermos melhor os escritores da nossa terra. Sei que em Portimão há uma
escola que rima porque tem nome de poeta: António Aleixo. E que em Loulé a
biblioteca municipal cheira a mar, porque leva o nome da escritora Sophia de Mello
Breyner. Da nossa escola vê-se a serra porque tu existes nela. Imagino a tua
alegria ao saber que és o seu patrono, mas o orgulho é verdadeiramente nosso,
acredita. Doeu um pouco quando comecei a ler tudo o que havia sobre ti na
biblioteca (primeiro T.P.C. do ano, a tua biografia!), nunca pensei que
tivesses passado por tantas dificuldades: o desemprego, a censura, a doença,
enfim... Mas gostei tanto de saber que voltaste a casa, que escreveste tantos
livros, que fizeste tantas coisas importantes, que (d)escrevias o que vias, que
sonhavas com um mundo melhor, mais justo, mais igual.
Mas sabes quando me aproximei mesmo de ti? Quando te li. Não acreditas? Ora escuta: «Era quase noite quando o pobre da gravata preta apareceu ao fundo da estrada.» Diz-te alguma coisa? Nunca pensei que um conto tão curto pudesse levar a um debate tão animado! «Sapo e Lagarto», até eu participei na discussão! Acabámos a falar de «bullying» nas escolas de hoje, vê lá tu ao que nos levou o teu texto. E já lá vão setenta anos desde que o escreveste! Sabes ... um dia vou falar de ti aos meus netos. Para que não te esqueçam.
Mas sabes quando me aproximei mesmo de ti? Quando te li. Não acreditas? Ora escuta: «Era quase noite quando o pobre da gravata preta apareceu ao fundo da estrada.» Diz-te alguma coisa? Nunca pensei que um conto tão curto pudesse levar a um debate tão animado! «Sapo e Lagarto», até eu participei na discussão! Acabámos a falar de «bullying» nas escolas de hoje, vê lá tu ao que nos levou o teu texto. E já lá vão setenta anos desde que o escreveste! Sabes ... um dia vou falar de ti aos meus netos. Para que não te esqueçam.