quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

ESCRIT@TOP.COM - CONTO I «O MESTRE QUE NÃO SABIA FALAR»

 O MESTRE QUE NÃO SABIA FALAR 

Fotografia: @Ricardo Medronho

Era uma vez um rapaz tímido, humilde e jovem, amante de música, que morava numa pequena vila. Ia à escola como todos os da sua idade e no final dos dias caminhava numa região perto de sua casa. Passava sempre pelo mesmo caminho, pelas mesmas árvores, até chegar ao fim do seu percurso, um riacho. Escutava o som encantador da natureza e às vezes praticava guitarra, pois era um sítio isolado e ninguém passava lá perto.

Certo dia, tinha ele feito esse mesmo percurso, quando, em vez de ouvir a natureza e praticar, ouviu uma melodia diferente, vinda do outro lado do riacho, que o atraiu. Então, atravessou o riacho e avistou uma bela rapariga que estava sentada numa pedra a tocar uma linda melodia. O menino pôs-se a escutar a bonita harmonia, mas, quando deu por si, a rapariga já tinha desaparecido. Decidiu, então, deixar um bilhete perto da pedra onde ela se sentava. Já em casa, o rapaz tentava recriar essa mesma melodia, tocada pela rapariga, mas, sem triunfo, começou a pensar que seria impossível reproduzi-la.

No dia seguinte, reparou que a sua mensagem não estava lá, mas encontrou a rapariga no mesmo sítio. Ele escutava a música dela, tentando replicar a mesma na sua guitarra, porém não conseguia entender a complexidade da melodia. Vinda do nada, uma pequena pedra, embrulhada num pano com uma palheta(1), foi lançada para o lado do rapaz. Ele desembrulhou-a e, quando levantou o olhar para a frente, viu a rapariga a acenar-lhe. Perguntou-lhe o nome. No entanto, ela limitava-se a tocar simples notas. O jovem, confuso, replicou os acordes e, pouco a pouco, já conseguia tocar uma sequência considerada harmoniosa. A rapariga prosseguiu e tocou outra melodia. Quando o rapaz finalizou a sinfonia, a rapariga já se tinha ido embora.

Passado um mês, ambos continuaram a ir ao riacho para praticarem juntos. Sem uma palavra ser dita, apenas tocavam como se não houvesse outra forma de comunicarem. Depois, e só depois de muita prática, o jovem rapaz conseguiu tocar aquela encantadora melodia. A rapariga, com um sorriso no rosto, disse-lhe o seu nome. E explicou o propósito da música. O rapaz permaneceu imóvel, a fazer-lhe perguntas, às quais ela não respondeu, desaparecendo com a brisa do vento.

(1) Palheta - Pequeno objeto de formato vagamente triangular, utilizado para tocar as cordas de instrumentos musicais como a guitarra.

Ricardo Medronho, 9.º B, n.º 12.

NOTA:

O conto acima apresentado foi elaborado no âmbito da disciplina de Português do 9.º ano e obedeceu às seguintes etapas:

1) Escrita do conto com base num título que outro colega inventou.

2) Aperfeiçoamento do texto ao nível da forma.

3) Toma de uma «fotografia artística» que, figurativamente, melhor representasse o conto.

Sem comentários: