VELHO AMOR
Pego na
bicicleta e saio de casa. Tarde com um sol radiante. Desço a rua e reparo que
os pneus estão vazios. Ao encher, fico a ouvir aquele barulho relaxante que as
cegonhas fazem com o seu bico de tamanho imenso. Sigo caminho. Ao chegar à zona
ribeirinha, abrando. Observo as gaivotas que estão à volta dos repuxos de água.
Mais à frente, observo com atenção um casal de idosos, sentados num banco, a
comer um gelado, olhando o rio. O sorriso que ambos tinham na cara, comendo o
seu gelado de chocolate e baunilha, era satisfatório. Um sorriso que mostra
como o amor pode ser tão idoso quanto as pessoas. Respiro. Abro um sorriso no
rosto. Continuo a volta, mas aquela situação fica a fervilhar
na minha cabeça. Penso que, como o amor, a vida, a felicidade pode ser tão
simples, e tão boa. Circulo.
Viagem
quase concluída. Volto à zona ribeirinha, pois é a minha vez de pedir um
gelado. Enquanto dou o dinheiro à rapariga, olho para o banco onde estavam os
dois idosos sentados. Já lá não estão, mas de certeza que seguiram caminho com
a mesma felicidade.
IMAGEM: @N. Lemos |
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