E já são três os prémios conquistados por alunas da Escola Básica Manuel do Nascimento no concurso Uma Aventura... Literária 2020, na modalidade de «Texto Original».
Depois da Catarina Correia, que ganhou o 2.º prémio, e da Leonor Valério, que recebeu uma Menção Honrosa, chega-nos, agora, a notícia de outra Menção Honrosa, atribuída à aluna Inês Duarte Inácio, da turma A do 8.º ano.
Com tantas distinções, a tarefa até pode parecer fácil. Engana-se quem pensar assim, pois, de acordo com informação divulgada pelo Grupo Leya, na edição deste ano chegaram à Editorial Caminho «mais de 14 mil trabalhos, individuais e de grupo de alunos de escolas de todo o país, incluindo Açores e Madeira e também escolas de França, Suíça, Macau, Cabo Verde e Brasil».
Por isso, mas principalmente pela excelente qualidade dos textos, redobramos os nossos PARABÉNS às três alunas e à sua professora de Português, a docente Graça Peixoto, e convidamos os nossos leitores a apreciarem o bonito texto da Inês.
Maria
de Fátima, uma camponesa com fé
Há muito tempo, vivia numa
pequena vila uma camponesa infeliz.
A camponesa chamava-se Maria de Fátima, tinha
um filho ainda bebé, o José Pedro. O marido saía de casa todos os dias às cinco
horas da manhã para ir trabalhar nas terras e só regressava quando o sol já se
tinha posto há muito.
A pobre mulher vivia
desalentada, pois não tinha uma vida fácil. Enquanto o seu marido estava fora a
ganhar o sustento, a pobre mulher cuidava do filho, arrumava a sua casa, dava
comida aos animais da quinta, regava a horta, fazia as refeições e ainda tinha
tempo para dar sopa aos mais necessitados, pois os tempos não eram fáceis e ela
gostava de ajudar quem mais precisava.
Maria de Fátima levava a vida
a trabalhar, forte e duro. Quando o marido chegava, cansado, jantava e dormia.
A pobre mulher não falava
praticamente com ninguém senão com deus e estava constantemente a pedir-lhe:
— Meu deus, trabalho tanto e
recebo tão pouco! O meu marido chega
cansado a casa e acaba por nem me falar, por isso, peço-lhe que me dê uma vida
melhor e à minha família
Deus respondia-lhe sempre o
mesmo:
— Continua trabalhando e dando mais
aos outros do que a ti mesma. Não te esqueças de que os que têm bom coração serão
recompensados.
Iam-se passando os anos, e Maria de Fátima ia ficando
cada vez mais cansada, mas nunca perdeu a fé.
Até que um dia, numa manhã
quente de agosto, ao nascerem os primeiros raios de sol, apareceu um arauto do
reino que disse:
— Venho anunciar um recado
enviado pelo excelentíssimo rei. Foi comprovado, segundo os anais do nosso reino,
que a senhora pertence a uma família nobre muito antiga da nossa monarquia. Por
isso, poderá habitar o castelo que pertencia aos seus antepassados, assim como
herdará todas as terras adjacentes e os dobrões de ouro que também lhe
pertencem por direito.
Ao ouvir aquilo, a pobre camponesa
nem queria acreditar. Depois, lembrou-se do que deus lhe respondia sempre que
se queixava.
Mais tarde, Maria de Fátima contou ao
marido o que se tinha passado e disse-lhe quais seriam os planos para a fortuna
que iriam receber.
O marido concordou com as decisões
da camponesa. Ficaram com uma pequena quantia da herança e a restante foi dada
aos camponeses mais pobres e sozinhos.
Depois disto, Maria de Fátima
nunca mais se queixou a deus, agradecendo tudo o que tinha.
Agora que era dono das terras,
o marido da camponesa passou a chegar mais cedo a casa e Maria de Fátima tinha
tudo o que sempre desejou: companhia, alguém com quem conversar e ajudar a
criar o filho.
A camponesa também percebeu que
todas as boas ações que se fazem aos outros são recompensadas. Maria de Fátima
compreendeu a mensagem que deus lhe dirigia quando a ele se queixava da vida
que levava.
Inês Inácio, 8.º A –
Escola Básica Manuel do Nascimento, Monchique