«Os
braços caíram-lhe para os lados do corpo. Numa das mãos segurava o arco, na
outra o violino. E, muito esguio, macilento, Mestre Finezas curvou a cabeça
branca, devagar, como a agradecer os aplausos de um público invisível.»
Manuel da Fonseca, «Mestre Finezas»
in Aldeia Nova, Porto, Forja,
1975.
Mestre Finezas sentia-se ainda poderoso a tocar o
seu violino, apesar da sua idade, já avançada… Só eu conseguia compreender bem
o que lhe ia na alma, já que, pela vila, só se ouviam comentários negativos
sobre Ilídio Finezas.
Antigos admiradores seus eram aqueles que mais o
criticavam e lhe viravam as costas, pois diziam que ele já não tinha idade para
trabalhar…
Passados alguns dias, Mestre Ilídio Finezas ficou
muito doente e faleceu. Chorei de tristeza por perder um grande amigo, mas
prometi a mim mesmo fazer alguma coisa na vila que perpetuasse a sua memória,
para sempre.
Com a ajuda de um grande amigo, construímos na
antiga barbearia de Mestre Finezas um museu de artes e ofícios.
Ali estão expostos todos os utensílios utilizados
por Mestre Finezas e nas paredes coloridas foram colocados quadros relacionados
com o dia a dia de uma barbearia. Bem no centro, à frente da velha cadeira de barbeiro,
está em destaque, para todos verem, o violino de Mestre Finezas.
O Museu de Artes e Ofícios é agora o maior ponto
de interesse da vila e eu (mais Carlos e menos Carlinhos) sou agora, como
diretor, responsável pela sua divulgação nacional e internacional e assim, aos
poucos, vão chegando à nossa vila pessoas de todo o mundo para admirar o museu.
Catarina Correia, 7.ºA,
Monchique, outubro de 2018.
Marc Chagall, «O Violinista Azul», 1947 |
Marc Chagall, «O Violinista Verde», 1923 |
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