sexta-feira, 29 de abril de 2022

ESCRIT@TOP.COM - CONTO X «A DIREÇÃO DO SUBMUNDO»

 A DIREÇÃO DO SUBMUNDO

Fotografia: @ Bernardo Ferreira

Um dia como outro qualquer, Tomi foi dar uma volta de bicicleta. Mas desta vez, não foi pelo caminho de sempre, decidiu ir por um caminho novo. Um caminho de terra batida, tão mau que nem os camiões se atreviam a passar ali.

A metade do caminho, junto a umas pedras gigantes, Tomi encontrou um sinal partido com o desenho de um túnel e uma linha por cima onde se lia «proibido». Havia aí, de facto, um pequeno buraco, por onde o miúdo passou. Deixou a bicicleta fora e passou sozinho. Já tinha passado uma hora e Tomi continuava a sua aventura dentro do túnel. Tudo estava a correr bem, até que se começaram a ouvir barulhos, vozes e uns movimentos estranhos. Mas lá dentro só estava o Tomi e, por isso, ele não percebia nada.
Armou-se de valor, acendeu a lanterna e todos os barulhos acabaram. As sombras desapareceram e a sensação de medo diminuiu. Ele tratou, então, de observar tudo e tentar perceber alguma coisa do que tinha acontecido minutos antes. Avançou, sem receio. Até que chegou ao fim do túnel e encontrou uma parede de pedra queimada. De repente, abriu-se um portal desconhecido à sua frente e uma voz de ultratumba falou assim: - Se tiveres a coragem suficiente de entrares lá dentro, nunca mais voltar a este mundo! Juntamente com essa voz, milhares de sombras e estranhos barulhos de pessoas que já não estavam neste mundo gritavam para o garoto entrar e unir-se a eles.
Tomi acordou no hospital depois de ter caído da bicicleta e ter batido com a cabeça. Contou esta história aos médicos e aos pais, mas, por ser apenas um miúdo de catorze anos, ninguém o tomou a sério! Agora, o que, sim, é certo é a existência daquele túnel. Também do caminho e do sinal.
Já passaram trinta anos e ainda ninguém sabe o que está no interior daquele túnel. A não ser o Tomi, que jura ter estado lá dentro, a ver e a ouvir. Na verdade, só quem entrou e saiu pode contar «A Direção do Submundo».

 Bernardo Ferreira, 9.º A, n.º 5

quinta-feira, 28 de abril de 2022

DUAS ALUNAS DE MONCHIQUE NA FINAL DA FASE INTERMUNICIPAL DO CONCURSO NACIONAL DE LEITURA 2022

Duas alunas de Monchique, a Anita Campos Marques e a Inês Calapez Duarte, do 8.º ano de escolaridade, foram selecionadas para a «Prova de Palco» (a prova oral) da fase Intermunicipal do Concurso Nacional de Leitura, organizada pela Biblioteca Municipal de Vila Real de Santo António, depois de uma prova escrita sobre a obra Encruzilhada no Tempo, de Margarida Fonseca Santos, que decorreu no dia 21 de abril, envolvendo os melhores leitores de vários concelhos algarvios, e que ditou o apuramentos de cinco finalistas por ciclo para esta prova oral.

Nesta prova final, que decorreu anteontem, onlineas «nossas» meninas tiveram uma prestação que nos encheu de orgulho. A Anita acabou num honroso 3.º lugar, falhando por muito pouco o apuramento para a Final Nacional, situação que já tinha experienciado em 2019, quando frequentava o 2.º ciclo.

segunda-feira, 25 de abril de 2022

ABRIL 2022, ABRIL SEMPRE!

Assinalam-se hoje 48 anos de ABRIL, quase meio século de liberdade!

O Agrupamento de Escolas de Monchique assinala a data com uma exposição de trabalhos produzidos pelos alunos do 2.º ciclo da Escola Básica Manuel do Nascimento, que resulta de um DAC (Domínio de Articulação Curricular) entre as disciplinas de História e Geografia de Portugal, Educação Visual e Educação Tecnológica.



Aos cravos ilustrados pelos alunos, associam-se frases, que traduzem  a sua visão sobre o 25 DE ABRIL.






Organizados em dois magníficos painéis, estes trabalhos estão expostos na Biblioteca Escolar desde o passado dia 21 e aí ficarão, a lembrar o nosso direito à liberdade, até meados de maio.

A Biblioteca Escolar disponibiliza também um considerável conjunto de obras relacionadas com o 25 de Abril, que podem ser consultadas presencialmente ou requisitadas para leitura domiciliária.


domingo, 24 de abril de 2022

LÍNGUA APURADA: HAVER OU A VER?



Já alguma vez confundiste «haver» com «a ver»?

Sim … quase que temos de voltar a ler, para perceber que estamos a falar de coisas diferentes, sendo a escrita tão parecida, certo?

É normal, essa confusão, já que ambas existem e soam da mesma forma, mas significam coisas diferentes.

Ora, atenta nessa diferença de significado:

 «Ter a ver» é uma expressão usada para referir algo que está relacionado ou diz respeito a alguma coisa. 

Assim, «tem a ver» é sinónimo de:

♦ está relacionado com;

♦ diz respeito a;

♦ tem relação com;

♦ corresponde a;

♦ tem que ver.

Repara nas frases:

- A letra desta música tem tudo a ver comigo.

- A destruição da camada de ozono tem a ver com o aumento da poluição.


Também existe a ação de «estar a ver» (a observar) algo, assim como a expressão «estar a ver que», com o sentido de «deduzir, compreender, entender, perceber», como no exemplo seguinte:

·     Estou a ver que resolveu acordar cedo!

«Ficar a ver navios» ou «estar a ver navios» também é uma expressão engraçada, que significa «algo que não vem», «não conseguir o que se deseja», «sofrer uma desilusão», «não obter o que desejava», «ser ludibriado», «enganado».

Esta é uma expressão antiga, cuja origem se presta a muitas interpretações. Pode ter começado durante os Descobrimentos, numa lenda ou nas invasões francesas!

Ouve a explicação, pela voz do ator Diogo Infante. Não te tomará mais do que um minuto. Aqui:

https://ensina.rtp.pt/artigo/ficar-a-ver-navios-qual-a-origem-desta-expressao/


«haver», pelo contrário, é um verbo, na sua forma infinita, usado para expressar as noções de «existir», «possuir» ou «ter algo a receber».

 Repara nas frases:

- Pode haver alternativas para este problema.

- É preciso haver mais diálogo.

Nota que também existe a expressão «ter a haver», com a preposição a entre o verbo ter e o verbo haver. Apesar de ser pouco usada, a expressão «ter a haver» pode ser utilizada para indicar o ato de ter quantias monetárias para serem recebidas. Assim, significa o ato de «ter a receber ou a reaver determinado valor».

 Repara nas frases:

- O Filipe ainda tem a haver o dinheiro da herança dos avós.

- Já não tenho nada a haver dos meus clientes.

Tudo claro?

Então, vamos lá, aceita o desafio e testa-te! Clica aqui.

sábado, 23 de abril de 2022

PROBLEMATIK 16 - REBANHO

Vamos a mais um desafio?

Este é mesmo MUITO FÁCIL!


Concordas? É mesmo fácil! Não é?

Deixa a tua resposta no formulário em anexo e confirma se acertaste. Clica aqui.


sexta-feira, 22 de abril de 2022

CONCURSO NACIONAL DE LEITURA 2022 - FASE INTERMUNICIPAL

As provas escritas da Fase Intermunicipal do Concurso Nacional de Leitura 2022 decorreram ontem, online, a partir das 12 horas, envolvendo alunos de vários municípios do Algarve, numa organização que, no corrente ano, foi assumida pela Biblioteca Municipal Vicente Campinas de Vila Real de Santo António.


Monchique esteve representado nesta fase por três alunos de cada ciclo de escolaridade, que prestaram as suas provas na Sala de Informática da Escola Básica Manuel do Nascimento, assumindo uma atitude irrepreensível.




Divulgados, pela organização, os nomes dos cinco alunos de cada ciclo apurados para a prova oral, a «prova de palco», foi com enorme orgulho e satisfação que recebemos a informação de que duas alunas do 3.º ciclo, a Inês Calapez Duarte e a Anita Campos Marques, haviam sido selecionadas.

A Biblioteca Escolar agradece aos nove finalistas do concelho de Monchique todo o empenho e  responsabilidade demonstrados.

quinta-feira, 21 de abril de 2022

+ CIÊNCIA ON - QUESTÃO 20

NOTA PRÉVIA

As abelhas existem na Terra há mais de 100 milhões de anos. A maioria, como os abelhões e as abelhas-melíferas, vive em grupos de cerca de 50000 indivíduos chamados colónias.

Estes insetos têm uma grande importância nas nossas vidas e na vida do planeta, pois são essenciais para a manutenção da biodiversidade e para a produção de alimentos na natureza. Têm como principal função a polinização das flores, permitindo assim a reprodução das plantas e a manutenção da sua variabilidade genética.

As abelhas apresentam curiosidades muito interessantes, uma delas está relacionada com a sua forma de comunicação. Estas comunicam entre si através de uma espécie de dança, conhecida como a dança das abelhas.

QUESTÃO


A) Movimentos que as abelhas fazem para informarem as outras onde encontraram o pólen.

B) Movimentos que as abelhas fazem para assustarem os seus predadores.

C) Movimentos que as abelhas fêmeas fazem para atrair os machos.

D) Movimento que as abelhas fazem para informarem as outras que se encontram em perigo.

PRESTA ATENÇÃO

Faz uma pesquisa sobre o assunto, de acordo com as indicações que constam do tutorial «Como pesquisar na Web», disponibilizado na pasta dos Tutoriais ("Serviço de Referência da Biblioteca Escolar", coluna da direita deste blogue).

Responde à questão no formulário que se segue. Clica aqui.


terça-feira, 5 de abril de 2022

O π: UM NÚMERO IRRACIONAL FASCINANTE E MISTERIOSO

 

O Pequeno Livro de Desmatemática, de Manuel António Pina, é uma obra que nos dá uma visão diferente de alguns conteúdos abordados na disciplina de Matemática. Dois dos textos desta obra,  «O π» e «A história infinita do π», ajudam-nos a compreender melhor a história de um dos mais fascinantes números irracionais.

Então, porque não começar uma aula de Matemática, na Biblioteca Escolar, com atividades de leitura centradas nestes textos?!

Vamos a isso, turmas do 6.º ano?

E, depois da leitura desses textos e da concretização das várias atividades propostas, desafiamos-te a descobrir algumas das palavras/expressões mais importantes para perceber o π. Vamos jogar?



Agora, já estás preparadíssimo(a) para a atividade prática.

Vamos lá calcular o valor do π!





domingo, 3 de abril de 2022

LER+ COM HISTÓRIA E EXPRESSÃO: ALUNOS CLARIFICAM CONTEÚDOS RELACIONADOS COM O HOLOCAUSTO

 Holocausto

O que é o Holocausto? O Holocausto foi responsável pela morte de seis milhões de judeus em campos de concentração. O Holocausto foi uma ação sistemática de extermínio dos judeus, em todas as regiões da Europa dominadas pelos alemães e executada nos campos de concentração/extermínio construídos pelo regime de Hitler.

As causas do Holocausto

O nazismo defendia o racismo. Segundo essa ideologia, os alemães pertenciam a uma raça superior, a ariana, e os judeus eram considerados os seus principais inimigos. Eles foram as principais vítimas da paranoia dos ideólogos nazis, responsabilizados pelo caos que a Alemanha vivia depois da Primeira Guerra Mundial e também pelos tratados de paz que se seguiram. Hitler e os seus seguidores queriam que a raça dos judeus fosse eliminada. Um dos grandes teóricos do antissemitismo foi Alfred Rosenberg. O próprio Joseph Goebbels, o Ministro da Propaganda, ajudou a fomentar o ódio contra os judeus.

Extermínio dos judeus

As estratégias de extermínio levaram à morte de seis milhões de pessoas nos campos de concentração/extermínio, sem contar as pessoas que morreram nos guetos. No campo de Auschwitz, na Polónia, em três dias, foram assassinados, nas câmaras de gás, vinte e dois mil judeus. No dia 27 de janeiro de 1945, os soviéticos chegaram no campo de Auschwitz e libertaram os primeiros prisioneiros.

Fonte: https://encyclopedia.ushmm.org › content › pt-br › article

 Daniela Fernandes, 9.º B, N.º 6 

Campos de concentração 

Os campos de concentração nazis são os locais que melhor simbolizam os horrores do Holocausto. O primeiro campo de concentração nazi foi Dachau, construído em 1933, para abrigar comunistas e social-democratas. Com o tempo, passou a ser utilizado contra deficientes físicos e mentais e, por fim, no extermínio dos judeus.

Alguns dos campos de concentração mais famosos são: Mauthausen, Dachau, Ravensbrück, Auschwitz. O complexo dos campos de concentração de Auschwitz foi o maior de todos aqueles criados pelo regime nazista. Nele havia três campos principais, de onde os prisioneiros eram distribuídos para trabalhos forçados e por um longo período; um deles também funcionou como campo de execuções.

Fonte: 

Gonçalo Rio, 9.º A

O racismo da época de Hitler vs o racismo de hoje em dia

Neste texto, vou falar sobre racismo da época de Hitler, comparado com o de hoje em dia. 

Todos os que forem ler isto sabem, decerto, o tamanho do desastre que a Segunda Guerra Mundial foi, no que toca à discriminação e ao facto de a mente de Hitler acreditar numa raça perfeita, chamada “ariana”, em que não haveria negros, homossexuais, ciganos, judeus, ou portadores de deficiência física/mental. Na época, isto resultou num desastre tremendo com números HORRIPILANTES de mortos.

No entanto, ainda hoje em dia, negros são extremamente injustiçados no mundo, sendo mal vistos por alguns. Como exemplos, temos os casos recentes da comunidade da Xbox Mil Grau (um caso em que a dona da marca “Xbox”, a Microsoft, teve de exigir à página para remover o nome da marca, da página) ou o caso do homicídio de George Floyd (que aconteceu dias antes do problema iniciado pela Xbox Mil Grau).

Resumidamente, acho incrível como é que a sociedade, mesmo com o avanço da tecnologia, em alguns pontos, tem uma visão extremamente jurássica do mundo.


Fontes: 

Rodrigo Alexandre, 9.º C, N.º 13

O julgamento de Nuremberga 

Após o fim da guerra, os aliados transformaram um hotel, em Nuremberga - cidade que era considerada a “capital” do nazismo - num tribunal, feito para julgar as principais figuras nazis que haviam sido capturadas.

A 8 de agosto de 1945, na conferência de Londres, foi decidido que um grupo de juízes julgariam os nazis que tinham sido acusados de terem cometido crimes contra a paz, crimes de guerra e crimes humanitários, como o extermínio dos judeus. Além disso, foram acusados de terem conspirado para a realização de tais crimes. No tribunal foram julgados vinte e quatro criminosos nazis, que eram acusados de vários crimes de guerra. O julgamento foi realizado por oito juízes que pertenciam à Grã-Bretanha, França, União Soviética e Estados Unidos da América. No dia 6 de outubro de 1945, iniciou-se em tribunal o julgamento dos nazis. 

Após a realização de todos os julgamentos, no dia 1 de outubro de 1946, o Tribunal Militar Internacional (IMT) condenou a pena de morte doze dos acusados, tais como Hans Frank e Hermann Göring (morreu envenenado um dia antes de ser enforcado). Também foram condenados três nazis a prisão perpétua e foram absolvidos três acusados, entre os quais um que foi considerado mentalmente inválido para ser julgado em tribunal.

 Durante a manhã de 16 de outubro de 1946, foram colocados três patíbulos no presídio de Nuremberga, sendo assim executadas dez penas de morte. Entre os nazis condenados à morte, Martin Bormann estava desaparecido e Hermann Göring havia morrido no dia anterior à execução.

Mais tarde, entre 1946 e 1949, foram julgados novos crimes de guerra, no julgamento dos doze processos de guerra de Nuremberga, onde outros membros da liderança nazi foram acusados de cometer cento e dezassete crimes de guerra. Os doze processos foram julgados pela seguinte ordem: processo contra os médicos nazis, o processo Milch, processo contra os juristas, processo Pohl, processo Flick, processo IG Farben, processo dos generais, processo RuSHA, Processo Einsatzgruppen, processo Krup, processo Wilhelmstraben e processo contra o Alto Comando. 

Fontes: https://pt.wikipedia.org/wiki/Julgamentos_de_Nuremberga

André Duarte Sampaio, 9.º B, N.º 2

 

LER+ COM HISTÓRIA E EXPRESSÃO: MOTIVAR PARA LEITURAS MAIS COMPLEXAS

A leitura da obra O Caderno do Avô Heinrich, de Conceição Dinis Tomé, tem despertado os alunos do 9.º ano para outras leituras mais complexas sobre a mesma temática.

Além de O Diário de Anne Frank, que os conduziu à escrita de páginas de um diário, colocando-se na pele de um judeu durante a Segunda Guerra Mundial, alguns alunos investiram na leitura individual e autónoma de outras obras, como:
O Número das Estrelas, de Lois Lowry;
Quando Hitler Roubou o Coelho Cor-de-Rosa, de Judith Kerr;
A Guerra que me Ensinou a Viver, de Kimberly Brubaker Bradley;
Os Meninos que Enganaram os Nazis, de Joseph Joffo;
✔ O Rapaz do Pijama às Riscas, de John Boyne;
A Rapariga que Roubava Livros, de Markus Zusak;
28 Dias, de David Safier;
O Tatuador de Auschwitz, de Haether Morris.






sábado, 2 de abril de 2022

LER+ COM HISTÓRIA E EXPRESSÃO: DIÁRIO DE UM JUDEU

A disciplina de História do 9.º ano, mais concretamente o tema da Segunda Guerra Mundial/Holocausto, continua a motivar os alunos, de forma orientada, mas também autónoma, para a leitura de obras literárias relacionadas com esta temática.

Tal como nos anos anteriores, as leituras começaram, coletivamente, com a obra O Caderno do Avô Heinrich, de Conceição Dinis Tomé, nas aulas de Educação Visual, assim como quem ouve música, enquanto se desenha.

Posteriormente,  o professor de História incentivou os alunos a ler O Diário de Anne Frank, neste ano em que se assinalam os 75 anos da primeira publicação desta obra, e desafiou-os a imaginar e a escrever três páginas de uma diário, colocando-se na pele de um judeu clandestino.


Transcrevemos, a seguir, três desses trabalhos, em representação de cada uma das turmas.

DIÁRIO DE UM JUDEU I

Quinta-feira, dia 9 de julho de 1942

      Olá, Lua!

      A situação no mundo está terrível. Já estava nos planos fugir por causa da guerra, mas foi necessário adiantar a nossa fuga. Estamos escondidos num anexo secreto do meu pai. Não é um lugar luxuoso, nem lá perto, nem um lugar onde nos podemos sentir seguros. Não somos privilegiados de chegar a casa depois de um dia cheio, saltar para a cama e dizer “lar, doce lar”. Aqui o medo é constante. Confesso que chego a sentir medo de respirar e alguém ouvir. Mas, infelizmente, este será o nosso “lar” pelos próximos tempos. Não é de todo aquilo que idealizamos, mas é o que a vida nos permite neste momento.

      Agora necessito de descanso. Toda esta mudança radical está a dar cabo da minha cabeça.
      Até amanhã, Lua. Beijinhos da tua eterna Ana!

Segunda-feira, dia 21 de setembro de 1942

         Querida Lua,

       Estamos aqui há pouco mais de um mês e eu já não aguento mais estar aqui. Sinto falta da minha vida antiga, de sair sem medos, aproveitar a minha adolescência. Nunca ninguém espera um dia passar por esta situação, falo por mim. Nem nos meus piores pesadelos eu vivi algo assim. De dia, apenas somos capazes de ouvir o barulho que vem da rua, porque, aqui dentro, ninguém se atreve a fazer um mínimo barulho que seja. Esta fase é a pior de toda a minha vida e mal posso esperar para acabar.

        Até amanhã, querida Lua. Está na minha hora de dormir.
        Beijinhos da tua Ana!

Quinta-feira, dia 10 de dezembro de 1942

      Minha Lua,

     Estamos a chegar ao final do ano. Este foi um ano de loucos, literalmente. Lembro-me perfeitamente do primeiro dia do ano, eu estava cheia de expectativas. Seria o melhor ano da minha vida, eu sentia isso. Mas estava enganada.

    Nunca vi os meus pais tão desanimados, mas não os condeno, sinto-me da mesma forma, também não sinto animação para nada. Passo os meus dias, que parecem não ter fim, a tentar perceber o que se passa na vida lá fora, mas tudo o que consigo ouvir são os pequenos pássaros a chilrear e, com sorte, vejo um ou outro a voar. E acredita, Lua, para mim já é gratificante. Mas tenho saudades de sentir a brisa fresca contra o meu rosto enquanto ando sem rumo, sempre contigo debaixo do meu braço. Espero poder voltar a sentir essa sensação o mais breve possível, e que eu e os meus possamos estar sempre juntos e em segurança, mesmo que seja quase impossível.
      Fica bem, Lua, vou sempre dar-te mais novidades sobre a minha vida entediante.
      Beijinhos da tua Ana.

      Ana Marques, 9.ºA, N.º 3

Capa do diário manuscrito de Anne Frank
Data de consulta: 2 de abril de 2022.

DIÁRIO DE UM JUDEU II

Dia 23 de agosto de 1942

               Querido Harry,

            Desculpa não ter escrito nestes últimos dias, mas aconteceu tanta coisa que nem sei por onde começar.

            Com a invasão dos alemães tivemos que nos esconder. Estamos escondidos na cave de uns amigos dos meus pais. Aqui o ar é mais pesado, mas é muito espaçoso, tem um quarto para cada um e fica outro a sobrar. Sinceramente não sei o porquê de terem uma cave assim, mas ainda bem que têm.
            O meu quarto tem apenas umas aberturas em que dá para ver a rua. Tenho passado os dias a ajudar os meus pais a organizar o esconderijo e a ler. Também tenho brincado com o meu irmão, por isso é que levei estes dias sem escrever, mas agora prometo que vou escrever mais.

    Teu David

Dia 5 de setembro de 1942

              Querido Harry,

            Hoje vou falar da comida, como sabes não costumo falar disso, mas acho que devias saber como tem sido a alimentação no esconderijo.

            Infelizmente, aqui não há muita escolha, mas já estou grato pelo esforço dos amigos dos meus pais para nos trazerem o que podem. Tenho comido muitas sandes com manteiga, são simples, mas boas. Os almoços e os jantares costumam ser batatas cozidas com o que se arranja como, por exemplo, milho, cenouras e às vezes peixe ou carne.

  Teu David

Dia 18 de novembro de 1942

               Querido Harry,

            Já estou farto de estar aqui fechado, queria sair, ver as plantas, as árvores e principalmente as pessoas. Há muito que não conheço ninguém novo. Eu gosto da companhia da minha família, mas às vezes gostava de ter amigos e amigas da minha idade ou até uma namorada, mas duvido que isso vá acontecer. Por hoje é tudo.

  Teu David

David Nobre, 9.º B, N.º 7

Páginas originais manuscritas do diário de Anne Frank
Data de consulta: 2 de abril de 2022.


DIÁRIO DE UM JUDEU III

Quinta-feira, 9 de abril de 1942 

Querido Pablo,

Estou farta.
Hoje as tropas americanas renderam-se aos japoneses em Bataan. Talvez este simples acontecimento não faça grande diferença em relação à minha situação aqui em Amsterdão. Porém, quem sabe? Ainda tenho esperança de poder sair deste cubículo e cheirar a erva do campo num dia de chuva, navegar em novos livros e ter um futuro.
Como sabes, nunca fui muito popular na escola. Não tinha muitos amigos. Sempre fui um pouco solitária. Os meus colegas punham-me de parte apenas pela minha religião, mas nunca imaginei que algum dia estaria em risco de morte só por ser judia. Apenas queria ter uma infância normal, em que pudesse ser igual às outras crianças, brincar com elas e uma adolescência em que não estivesse fechada neste anexo.
Estou aqui, nesta lata de sardinhas, há cerca de seis meses. Espero sair rapidamente. Já não aguento as rações, os bombardeamentos constantes, as pessoas que estão aqui comigo, o medo de ir para um campo de concentração.
Para viver desta maneira, quase que preferia não viver.

Tua Anne.

Sexta-feira, 17 de abril de 1942

Querido Pablo,

Ontem à noite a morte cruzou-se com os meus olhos. Amsterdão foi bombardeada pelos Nazis. 
O meu dia correu bastante bem, muito tranquilo. Comecei com aulas. O Papá está a tentar manter-me no sistema escolar caso venha a regressar à escola. De seguida, fui tomar banho. Às sextas-feiras costumo tomar banho com uma torneira ligada ao lavatório da cozinha. Depois do banho li um pouco. Almocei feijão com arroz, outra vez. Depois, passei a tarde a jogar jogos de tabuleiro com as minhas irmãs. Após isso tudo, jantei e fui deitar-me.
À uma e cinco começaram a tocar sirenes em toda a cidade. Só me lembro da Mamã a tentar acordar a casa toda para irmos para a cozinha, pois este era o sítio mais abrigado do anexo. Era lá que estava o rádio, porque não havia janelas para vermos o que se passara. Foi aí que me apercebi de que a cidade estava a ser bombardeada. Os barulhos das bombas e os gritos das pessoas traumatizaram-me. Nunca tinha estado tão assustada como naquela noite. Deixei-me dormir abraçada à Mamã.
Hoje estou grata por estar viva. Tivemos sorte por não termos sido atingidos nem descobertos. Apesar de não gostar de estar presa aqui, se calhar é a minha única solução. Ontem percebi que não queria morrer.

Tua Anne.

Domingo, 5 de julho de 1942 

Querido Pablo,

Os meus pais estão a considerar emigrar para outro país, talvez Portugal ou Espanha. Porém, essa tarefa não é muito fácil. “Como é que iríamos passar despercebidos com tantas forças militares ao nosso redor?”, “Como é que chegaríamos lá? De carro, de comboio, de barco...” “E será que vamos ser aceites lá?”. Estas perguntas encheram logo a minha cabeça assim que ouvi a ideia.
Por outro lado, tenho levado dias a imaginar como seria ter uma vida normal. Fazer amigos, ir à escola, correr, ver as estrelas... era tão bom. O pensamento de que há possibilidades de sair daqui antes do final da guerra e ter uma vida normal, é glorioso.
Mas esta ideia está a provocar muitas discussões aqui no anexo. O Papá quer ir a pé e partir pelas montanhas para não sermos vistos. Porém, a Mamã não gosta dessa ideia pois é uma longa viagem. Já a tia Alice diz que devemos ir de comboio. Isto é uma grande confusão. Quando eles chegarem a um acordo, a guerra já terá terminado.

Tua Anne.

Riana Venda, 9.º C, N.º 12

sexta-feira, 1 de abril de 2022

ESCRIT@TOP.COM - DESAFIO DE ESCRITA: UMA FRASE, UMA HISTÓRIA

Com o intuito de promover o gosto pela escrita, a professora Débora Boto desafiou os seus alunos do 5.º ano a imaginar e escrever uma história a partir de uma das seguintes frases:

        A. O cabelo da minha vizinha parece um ninho de ratos.

        B. Tenho medo do escuro...

        C. Hoje, esqueci-me de acordar.

        D. O menino dança?

        E. Acho que tenho um dente podre...

        F. Vai mais uma voltinha?

        G. Há iogurtes cá em casa?

O desafio foi aceite e surgiram textos bastante criativos.


Tenho medo do escuro!... Não é bem do escuro que eu tenho medo, é do que está dentro do escuro!

 

Era assim que começava a história do Duarte.

Duarte era um rapaz rebelde, muito popular na sua escola, mas guardava um pequeno segredo, ele tinha medo do escuro. Ninguém podia saber deste seu segredo, porque ele achava que, se soubessem, iriam gozar com ele e deixaria de ter popularidade.

Um dia, o psicólogo da escola foi à sala da turma do Duarte falar sobre os medos de cada um. A Joana disse que tinha medo de morrer, o Filipe que tinha medo de cobras, até que chegou a vez do Duarte que, armado em valente, disse que não tinha medo de nada. Mas toda a gente sabia que todos nós temos um medo.

No intervalo, o Pedro, o seu melhor amigo, perguntou-lhe sobre os seus medos e prometeu não dizer nada a ninguém. O Duarte acabou por confessar:

─ Tenho medo do escuro!... Não é bem do escuro que eu tenho medo, é do que está dentro do escuro!

Beatriz Duarte, 5.º B, N.º 2


O Cabelo da Minha Vizinha Parece um Ninho de Ratos


Era uma vez uma velha que morava sozinha no cimo do monte e a sua casa estava sempre desarrumada e toda suja.
A única companhia que ela tinha eram dois ratos e uma rata chamados Tuti Fruti, Floquinho e Pepa Pig. Esses seus ratinhos viviam no seu cabelo feio, despenteado, cheio de nós e muito mais.

Eva, 5.º B, N.º 6

Uma Aventura na Ilha

Hoje, esqueci-me de acordar. Estava num sonho maravilhoso. O avião tinha acabado de descolar do chão, estava a caminho de uma ilha espetacular. Lá de cima, dava para ver vários animais, de várias espécies.

─ Finalmente, vou aterrar  ̶  pensei eu.

Quando aterrei, notei logo que era tudo diferente. Na praia, a água era cristalina e a areia era muito macia. Havia uma floresta tropical, com todas as espécies de animais e uma tribo de índios. Eles convidaram-me para visitar a aldeia.

─ Olá! Queres conhecer a nossa ilha?

Aceitei logo o convite. Eles levaram-me a conhecer toda a ilha: os animais, os insetos, as plantas e as espécies marinhas. Tudo naquela ilha era maravilhoso. Terminei a minha visita a dar um mergulho com tartarugas, numa praia, com imensas estrelas-do-mar.

─ Guilherme, acorda! Acorda!  ̶  gritou a minha mãe.

Guilherme Nobre, 5.º B, N.º 9


Eu tenho medo… E tu, tens?

Eu tenho medo do escuro… Eu sou a Liara, tenho sete anos e adoro brincar com os outros, mas eles não gostam de mim, porque eu tenho medo do escuro. Todos dizem que não têm medo de nada e muito menos do escuro.

Um dia, a professora de Educação Visual pediu para desenharmos algum medo. Alguns dos meus colegas escreveram «Nada» e outros deixaram a folha em branco. A professora perguntou se não tinham medos, todos responderam que não tinham. A professora disse que ter medo de algo não é vergonha.

─ A Liara desenhou o seu medo e não teve vergonha nenhuma de contar a sua situação  ̶  disse a professora aos alunos.

A professora continuou dizendo que o medo não é fácil de encontrar, que alguns tinham medo da mentira e outros da verdade. Alguns, comovidos com as palavras da professora, perguntavam uns aos outros sobre o medo da mentira e da verdade. A professora, ao ouvir os comentários, começou a explicar:

─ Os que dizem que não têm medos, estão com medo da verdade, pois, na verdade, estão a mentir. Os que dizem que têm medos, têm medo da mentira. Falam quase sempre a verdade porque, se mentirem, têm medo de ser castigados.

Depois da explicação da professora, foi a hora do intervalo.  Os colegas da Liara foram pedir desculpa, porque tinham mentido, e começaram a falar sobre os medos que não tinham assumido.

Dias depois, combinaram ir a cada uma das salas explicar aos outros colegas que cada um tem um medo e que não devemos mentir.

A professora ficou muito feliz por terem percebido a lição.

 

E vocês, perceberam a moral da história?

Margarida António, 5.º B, N.º 1


Um Passeio de Bicicleta

─ Vamos dar mais uma voltinha? – perguntou o pai ao filho.

─ Sim, vamos! –  respondeu o filho.

Durante o passeio, o pai e o filho passaram por sítios onde viram muitos animais, como sapos, pássaros, lagartos e também muitas plantas.

─ Olha, filho, um ninho de pássaros.

─ Sim, e lá atrás eu vi um sapo e um lagarto muito estranhos.

Passado algum tempo, avistaram uma colina.

─ Pai, olha, está ali uma colina. Vamos ver se conseguimos ter uma boa vista de todo o campo?

─ Boa ideia! – concordou o pai.

 Quando os dois chegaram lá, ficaram maravilhados, a paisagem era bela.

─ Ainda bem que viemos dar este passeio, senão nunca teríamos visto esta bela paisagem – disse o pai muito feliz.

 

Martim, 5.º B, N.º 17