quinta-feira, 11 de julho de 2019

E POR FIM ... DESAFIAMOS-TE, LEITOR!

Nós explicamos.
Escuta, a situação é, basicamente, esta: na última aula de Português, surgiu de repente na sala, melhor, surgiu inesperadamente na sala, uma misteriosa caixa azul.
Lá dentro, dezenas de títulos inventados, em pequenos papéis dobrados em três! Cada um de nós, alunos do 7.º B, tirou da caixa aquele papel que a Sorte determinou. E a partir daí, pois, voltámos a vestir a pele de escritores... Tínhamos agora dez minutos para escrever os dois primeiros parágrafos de um livro. Qual o título dessa obra maestra? O que tinha lançado âncora nas nossas mãos...
E tu, leitor, em quantos minutos consegues acabar as nossas histórias? Vá, escolhe uma, e deixa-te levar pelo barca do tempo ... rumo ao verão ...


O ESTRANHO CASO
DO MÚSICO AZUL

Estava ali, sentado no banco de um agradável jardim. Ouvia o canto dos pássaros que pareciam pairar no ar e que, às vezes, pousavam nas árvores. Descansava. Claro, como não? Acho que não teria aguentado mais um minuto naquela loja, com a minha mãe a gritar comigo, por qualquer coisa. Tinha, pois, saído a correr e sentara-me ali, no parque. Que belos, os pássaros!
Então, enquanto pensava no que diria à minha mãe quando voltasse, ouvi uma música. Parecia jazz e ouvia-se ao longe. Curioso, comecei a caminhar em direção ao som e, quando lá cheguei, surpreendi-me com o que encontrei: era um homem, todo vestido de azul, a tocar música. As mãos também azuis. Era uma música muito bela e, por momentos, esqueci-me de todos os meus problemas.
Beatriz Vaze, 7.º B

O JOGO DOS ESPELHOS

Numa tarde, quase noite, um certo grupo de amigos celebrava o “Dia dos Jogos”. Havia de tudo: jogos de tabuleiro, videojogos, cartas, berlindes, entre tantos outros. Mas, na verdade, fartaram-se rapidamente desse tipo de brincadeiras! Até que um deles se lembrou, então, de um velho mito que corria pela cidade: “Vive aqui um tesouro, muito bem escondido, entre espelhos entrelaçados, tenta ...”. Aqui acaba o dito, o resto não se sabe. Eles, lá pesquisar, pesquisaram, muito, mas nada encontraram.
Uma única coisa, importante, eles vieram porém a saber. Esse, digamos, labirinto de espelhos, estava localizado num circo abandonado, muito assustador, de nome “Majestic”. Assim, lá foram eles em busca de diversão! Andaram, andaram, até que chegaram. Aquilo era horrível de ver, tinha caído tudo, menos o labirinto de espelhos, que, assustadoramente, refletia mil vezes um palhaço com a roupa rasgada, coberto de sangue. Parecia estar à porta, à espera deles.
Beatriz Francisco, 7.º B

A CAIXA NO FUNDO DA RIBEIRA DO LADO

muito, muito tempo, um miúdo chamado Gonçalo foi à procura de um livro na biblioteca. Mas, quando aí viu a rapariga de quem gostava, escondeu-se atrás de um arbusto! Quando ela, finalmente, se foi embora, entrou muito rapidamente e parou num sítio estranhamente frio e escuro, onde há anos não limpavam.
A olhar, cheio de medo, foi precisamente aí que Gonçalo encontrou o livro ideal para ele. Mas, quando deu por si, estava a passar as mãos sobre um mapa que o livro trazia colado na capa, com uma frase muito bizarra (talvez uma pista para algo), que era esta: “A frescura é muito líquida.” Assim que saiu, foi à procura não sabia muito bem de quê. Pensou numa ribeira, pois vivia num sítio muito seco, e quando lá chegou, depois de muito caminhar, encontrou um baú que dizia “Lado”, precisamente, o título do livro que tinha trazido da biblioteca ...
Manuel Correia, 7.º B

A TERRA DAS PROMESSAS

Vou-vos contar uma história que nunca ouviram antes. Passa-se num universo paralelo, onde três amigos – Anne, Joaquim, Carolina – exploravam uma ilha abandonada. Esta era muito semelhante a uma tartaruga, por isso, logo de início, deixou-os intrigados. A cada movimento um pouco mais brusco, da ilha, evidentemente, Anne dava um pulo, e ficava amuada por os amigos começarem logo a gozar.
No centro exato daquela ilha existia uma casa, abandonada. Por curiosidade, os três amigos entraram e apanharam logo um grande susto. Nem queriam acreditar no que viam. Lá dentro, estava uma fada a mexer um caldeirão. Anne quis logo ir embora, mas Joaquim não deixou, queria saber o que se passava, até porque de uma fada se tratava, não de uma bruxa, como era ... habitual. Carolina, a mais corajosa, enfrentou a fada e perguntou-lhe, de queixo levantado, o que ela estava a fazer ali. A resposta deixou todos de boca aberta...
Carolina Morais, 7.º B

MUNDO DE LÁ
QUE AINDA NÃO VI

Josué era um velho senhor. Habitava na Beira Baixa, numa aldeota perdida para esses lados. Desde pequeno, tinha os cabelos brancos. Ainda assim, tinha tido uma infância muito feliz. Naquela aldeia, há muito tempo tinha existido uma escola, bastante grande até, com cerca de trezentos alunos, e ele tinha sempre brincado com os seus colegas, como uma criança normal. Apesar da sua “deficiência”, nunca tinham gozado com ele.
Nos tempos de hoje, já quase todos os seus antigos amigos tinham morrido ou tinham partido para as cidades. Agora, a antiga aldeia, que dantes era um lugar recheado de vida, estava praticamente “morta”. Restava ele, um ou outro velhote, e o raro jovem que tinha decidido continuar a sua vida ali. Desde pequeno, Josué tinha a grande ambição de visitar a capital, mas nunca tinha conseguido concretizá-la. E parecia que assim iria continuar, sem ver o mundo do lado de lá. Até que ...
Rafael Mendes, 7.º B

O  PAÍS DAS PESSOAS
DE CABEÇA PARA BAIXO

muito, muito tempo,  existia um país muito silencioso, onde as pessoas andavam de cabeça para baixo. Um dia, ao amanhecer, uma mulher chegou àquele país e a única coisa que encontrou foram pessoas absolutamente sós. E mais, viradas ao contrário. A única pessoa com a cabeça em pé era ela.
Então, nesse dia, procurou uma estalagem para ficar (sim, tinha decidido ficar) e, quando encontrou o lugar que procurava (parecia que este estava já à sua espera) entrou e dirigiu-se logo à receção. Um homem sozinho. Ela sorriu, para o rececionista, e quase morreu de desilusão ao perceber que ele não tinha sorrido de volta. Naquele país, ninguém sorria. Dirigiu-se para o seu quarto, levando, com coragem, o seu sorriso no bolso.
Filipa Alves, 7.º B

O  HOMEM QUE
SÓ SABIA SONHAR

Havia um homem muito sonhador que vivia numa montanha coberta de verde e solitária, à exceção de Alberto, o homem que só sabia sonhar.
Passava dias inteiros sentado numa pedra, perto do rio, e então imaginava que estava em Londres, no meio de uma enorme multidão ou no Big Ben; em Paris, a apreciar a Torre Eiffel; em Itália, a comer as melhores pizas do mundo; no Hawai, a explorar as florestas tropicais ou a nadar num mar cristalino. Até que um dia, por alguma razão inexplicável, o “piu piu” de um pássaro trouxe-o de volta à realidade e foi então que Alberto observou com particular atenção.
Maria Laura, 7.º B

MISTÉRIO NO
RAMELAU

Havia no Ramelau, a mais alta montanha de Timor Leste, uma família cujo pai provinha de Macau. Homem de poucas palavras, este. A mãe, essa era escurinha, filha da natureza, provinha do Ramelau. Um dia, tiveram uma filha a quem deram o nome de Crescência. Parecia uma chinesinha, a menina, escurinha e baixinha, como até hoje é.
Mas quem diria, o mistério ainda estava por chegar. Um soldado português, de seu nome Manuel, envolveu-se com a “Chinesinha”, que conheceu por alturas da guerra colonial, e por lá ficou. Tiveram filhos. Belos filhos, que um dia viriam a ser a minha família.
O mistério maior foi quando quiseram vir para Portugal. Já antes, o pai de Crescência tinha tido o sonho de conhecer a metrópole, mas já a mãe não queria sair da ilha onde tinha nascido e criado os seus filhos. Na altura de partirem, a família recebeu a triste notícia que o pai não tinha aguentado a dor e viera a falecer. Crescência e Manuel partiram de barco com os seus filhos, abalados pela saudade. Dois anos depois, já nesta linda vila de Monchique, tiveram um filho que, de entre todos os sete que tiveram, viria a ser o meu pai. Pedro, foi o nome que recebeu.
Martim Cereja Amaro, 7.º B